Ambitur.pt continua a dar-lhe a conhecer um pouco melhor o trajeto dos profissionais do setor hoteleiro em Portugal. Hoje estamos com Susana Cardoso, diretora do Montebelo Viseu Congress Hotel, do Grupo Visabeira.
Susana Cardoso nasceu a 3 de julho de 1984, em Viseu. E foi na aldeia de Caria, concelho de Moimenta da Beira, distrito de Viseu, que passou a sua infância com os pais, os quatro irmãos e uma família grande e unida. E lembra que as memórias são “imensas”, desde as festas tradicionais da aldeia a todos os eventos comemorativos familiares.
Aos 17 anos, parte para Peniche, para apostar na sua formação superior. Assim, em 2002, iniciou a sua formação em Gestão Turística e Hoteleira, concluindo a licenciatura em 2006. Mas, na verdade, Susana recorda que a formação que inicialmente pretendia era Medicina Veterinária, algo que acabou por não avançar por “razões diversas”, e a hotelaria foi uma hipótese considerada desde logo, embora na altura nunca tivesse tido contacto ou conhecimento específico nesta área. A profissional lembra o professor Paulo Almeida, que alertava nessa altura que a hotelaria era um “matrimónio” para a vida, algo que a assustou. Hoje, reconhece que tinha razão pois a hotelaria “ocupa-nos e preenche muito do nosso tempo”. Mas também não se vê atualmente em nenhuma outra atividade, afirmando, sem dúvidas, que “mais do que o tal «matrimónio» que aludia o professor, é mesmo uma paixão de vida”.
Como e quando iniciou a sua carreira na Hotelaria – quais os primeiros passos?
A carreira propiamente dita coincidiu com o início da minha formação académica. Após a conclusão da Licenciatura em Gestão Turística e Hoteleira na Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar do Instituto Politécnico de Leiria, em 2006, o estágio final de curso concretizou-se nas Pousadas de Portugal no Convento da Graça, em Tavira. Nesta unidade, dei os primeiros passos na carreira, iniciando a atividade como empregada de mesa. O estágio em plena época alta coincidiu com a abertura daquela unidade hoteleira. Após esta primeira experiência ocupei a vaga de Governanta. Posteriormente, trabalhei como Relações Públicas dos Casinos do Algarve antes de ingressar no Grupo Visabeira.
O que a apaixona no setor hoteleiro e ainda hoje a faz continuar a querer estar nesta indústria?
O que me apaixona no setor hoteleiro é a dinâmica da operação. Cada dia é um dia diferente, tendo em conta as várias vertentes e áreas de negócio. Para além da exigência que requer a dinâmica do alojamento, a gestão de uma central de reservas, a receção, a manutenção, a higiene e limpeza, F&B e eventos, entre outros, há a vertente humana que muito valorizo e me enriquece. Quer seja no contacto com as equipas, quer seja com clientes, parceiros e fornecedores. É algo que completa a vertente mais operacional do negócio.
A chegada ao atual hotel deu-se quando e como?
Sendo natural do distrito de Viseu, e tendo em conta que estava a frequentar formação na área hoteleira, resolvi nas férias de verão de 2005 solicitar um estágio extracurricular no Montebelo Viseu Congress Hotel. Foi uma fase em que senti que precisava de ter maior contacto com a vertente de alojamento e eventos. Fui admitida nesse estágio extracurricular e durante três meses estive no apoio à gestão no alojamento receção, andares e reuniões, ficando ainda a assegurar o apoio à receção e gestão operacional do Hotel Rural Nossa Senhora do Carmo, empreendimento hoteleiro que a Montebelo Hotels explorava nessa altura. Passados 18 anos, grande parte da equipa que na altura me ensinou muito de hotelaria ainda se mantém no Montebelo Viseu, sendo no presente a equipa de dirijo, algo que nunca imaginaria.
E qual tem sido o seu percurso dentro deste grupo hoteleiro até aos dias de hoje?
Como referi, realizei o estágio em 2005. Quatro anos mais tarde, quando estava a trabalhar no Algarve, senti vontade de regressar a Viseu. E, verifiquei que a cadeia Montebelo Hotels estava a recrutar assistentes de direção. Concorri para a vaga e, dado que anteriormente já tinha realizado testes de recrutamento aquando do estágio que solicitei, o processo foi mais célere. Fui admitida e, durante sete meses foi-me confiada a gestão operacional do Montebelo Príncipe Perfeito Viseu Garden Hotel, uma unidade de 4 estrelas.
Com a abertura do Montebelo Aguieira Lake Resort e Spa em maio de 2010 fui convidada para assumir a direção desta unidade que havia sido inaugurada um ano antes.
Só que um desafio mais ambicioso estava à minha espera. Em 2011 foi-me proposto deslocar-me para Moçambique onde o Grupo Visabeira tem diversos hotéis de cidade e resorts. Nessa altura, a cadeia designava-se Girassol e lá permaneci praticamente seis anos, numa experiência a todos os níveis enriquecedora.
Comecei com a gestão de alojamento no Montebelo Indy e depois diretora do Montebelo Girassol, ambos em Maputo. O meu percurso no país levou-me à direção do Montebelo Songo, no norte do território, mas apoiando outras unidades da cadeia, nomeadamente os hotéis em Lichinga, Nampula e na Gorongosa. Desta experiência mais a norte de Moçambique, retornei, dois anos mais tarde, para a capital, já como diretora do Montebelo Indy. O desafio de Moçambique encheu-me o coração e a alma.
No entanto, sentia uma necessidade de voltar a Portugal. E assim foi. O Grupo Visabeira permitiu o meu regresso ao Montebelo Vista Alegre Ílhavo Hotel, ao que se seguiu a direção do Parador Casa da Ínsua, culminando com o regresso como diretora de alojamento ao Montebelo Viseu.
O facto de eu ter tido a possibilidade de trabalhar em unidades tão distintas, tem contribuído para o meu enriquecimento e valorização profissional e pessoal.
Como define as suas funções dentro do grupo atualmente? E que tipo de gestão procura fazer em termos de equipa?
O grande objetivo é garantir, desde logo, a satisfação do cliente. Existe também a responsabilidade de analisar os custos associados, praticando uma gestão operacional equilibrada, alinhada com a política de gestão da Visabeira Turismo. Aquele objetivo só é possível com uma equipa de trabalho coesa, motivada e profissional. O sucesso da organização passa pelo trabalho de equipa; sem equipa não somos nada!
Quais os momentos que a marcaram mais ao longo do seu percurso profissional – os mais positivos, que mais contribuíram para o seu progresso profissional; e os menos positivos, que mais dificultaram a sua tarefa?
A vida é uma constante aprendizagem e continuo a aprender muito diariamente. No entanto, identifico realmente dois momentos que me marcaram na evolução profissional. A passagem por Moçambique foi, indiscutivelmente o ponto de viragem que me ajudou a crescer pessoal e profissionalmente, pois foi neste país que tive os maiores desafios que me ajudaram a evoluir, a conhecer novas realidades e a desenvolver capacidades para enfrentar situações e resolver problemas distintos. Os primeiros anos foram os que mais apreciei pois foram os mais desafiantes, devido à adaptação a diferentes culturas e à necessária aplicação de métodos de trabalho.
Em Portugal, não posso esquecer o tempo pandémico pelo qual todos passámos. Com efeito, os anos marcantes da Covid-19 tiveram grande impacto a nível pessoal e profissional. Foram tempo complexos na gestão da unidade, fechada durante meses, e no equilíbrio com a manutenção das equipas. Foram momentos muito delicados para todos.
Quais os principais desafios que profissionalmente tem pela frente este ano?
Com o país e o mundo ainda numa retoma económica após a pandemia, os tempos são de recuperação do que se perdeu. Felizmente os indicadores há vários meses tendem a ser positivos, quer do ponto de vista individual, com as famílias a voltarem a movimentar-se, quer do ponto de vista empresarial com eventos e realizações corporate, um dos segmentos com relevo na atividade do Montebelo Viseu Congress Hotel.
O desafio é conseguir um equilibro para dar resposta ao objetivos de gestão. A nossa unidade está na reta final de uma total requalificação e modernização, pelo que será e já o é atualmente, uma mais-valia que poderá potenciar atratividade de atuais e futuros clientes. Estamos no verão e é habitual sermos procurados por centenas de pessoas para férias, em alternativa ao litoral. Responder e corresponder às expectativas dos clientes com uma oferta de acordo com a qualidade a que já estão habituados num hotel 5 estrelas, é um dos desafios.