O “Turismo de negócios e mercado MICE: modo de sobrevivência ou oportunidade de renascimento” foi uma das temáticas abordadas no 34º Congresso Nacional da Hotelaria e Turismo, que se realizou na semana passada, no Funchal. Carina Montagut, diretora da ICCA e diretora de eventos estratégicos da Feria de Valencia, foi uma das participantes nesta mesa redonda e começou por lembrar que Portugal – que está neste momento em 7º como país que mais recebe e organiza congressos, de acordo com a Associação Internacional de Congressos e Incentivos (ICCA), e que tem Lisboa na posição nº2, depois de Viena, tendo superado Madrid e Barcelona, e na posição nº4 em número de visitantes – está muito bem posicionado, e que o país pode usar estes números para se impulsionar no mercado. A nível mundial, a oradora explica que em 2023 os números de 2019 foram totalmente recuperados e 2024 já se situa acima destes dados, face a 2023, tendo em conta os dados até agora conhecidos.
“já não competimos uns contra os outros, há uma tendência para uma colaboração entre todos”
Carina Montagut explica que o que se verifica a nível de tendências é que, por exemplo, na Europa, tem-se verificado um movimento das cidades se juntarem para que os congressos alternem entre umas e outras. Isso aconteceu com Barcelona e Viena mas a responsável explica que “já não competimos uns contra os outros, há uma tendência para uma colaboração entre todos”.
Quanto aos restantes mercados, e ainda a nível de tendências, em África há uma aposta em desenvolver venues, pois os recintos eram muito pequenos e pouco equipados, e tem havido um esforço “muito grande”. Já na Ásia, onde as restrições levaram um pouco mais a serem levantadas, isso também se refletiu no MICE, mas a responsável lembra que este mercado está no topo no que diz respeito às tecnologias. Relativamente à América do Sul, tem procurado congressos e eventos internacionais para fazer crescer o setor. E, por fim, no Médio Oriente, tem havido uma procura por mudar a imagem, numa tentativa de demonstrar que os países estão mais europeizados e são mais tolerantes.
Em geral, e a nível de tendências, se é verdade que na pandemia o online foi a resposta, e nos momentos subsequentes, a aposta foi no presencial, hoje admite haver já uma vontade por ter eventos híbridos. E não tem dúvidas de que “é uma oportunidade grande para todos”, que pode passar pela venda de algumas sessões, de passes de um dia para as pessoas que não podem estar presentes fisicamente, entre outras sugestões. “é outra maneira de ter uma diversificar receitas”, garante Carina Montagut.
“temos que ajudar todos os eventos que possam ser o mais verdes possível”
Outra tendência que se observa é a nível da sustentabilidade. Se, por um lado, há muitos congressos que já apostam nesta vertente, outros há que ainda nada fazem a este respeito, e outros ainda que estão num processo de evolução. Mas, defende, “temos que ajudar todos os eventos que possam ser o mais verdes possível”. A oradora diz ainda que é fundamental “contar o que fazemos ao mundo, e é aqui que temos de melhorar. Em processo estamos todos, e todos temos coisas pequenas que podemos contar”, resume.
Por Inês Gromicho, no Congresso da AHP, no Funchal.
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