Saber como serão os próximos meses e se é possível começar a planear o próximo ano, perante o atual contexto de pandemia da Covid-19 é o nosso objetivo. Francisco Teixeira, CEO da Melair Cruzeiros, dá a sua opinião enquanto Conselheiro Ambitur.
O que os próximos meses poderão significar para o negócio turístico nacional e para as suas empresas?
Os próximos meses serão de resistência, planificação e preparação de 2021, num período que já se previa de fraco volume de negócios e de expetativas. Devemos tentar não baixar os braços e preparar-nos o melhor possível, na conjugação equilibrada da gestão de tesouraria com a preparação da retoma da atividade. Acredito que seja um processo lento, dependente de apoios do Estado e muito focado na rentabilidade futura das empresas turísticas.
Neste contexto, há capacidade de se começar a planear 2021?
Será fundamental e necessário que tenhamos a capacidade de planear 2021. Este será com toda a certeza um ano importante e diferente do habitual, e necessário para restruturarmos as nossas empresas, para uma retoma que poderá levar dois a três anos a atingir níveis positivos. Usando uma expressão marítima, “após uma tormenta vem sempre a bonança”, permitindo que cheguemos ao destino conforme planeado, mesmo que com alteração de rota.
Que cautelas se devem ter em conta na preparação das operações turísticas de 2021?
Será um ato complexo, considerando a redução da capacidade aérea e das regras de saúde e segurança que cada destino possa praticar. O timing para lançamento e venda das operações poderá ser também um fator a considerar, de forma atingir os resultados pretendidos.
Talvez operações com menos destinos e, por outro lado, mais robustas, poderão ser uma forma de acautelar alguns riscos de pricing e consequente impacto na rentabilidade. Penso que operar destinos que permitam uma atuação rápida, em caso de repatriamento, com planos de contingência bem definidos, poderá vir a ser importante na confiança do consumidor na altura da comercialização, e na credibilização do setor. Acredito que o primeiro passo para restaurar a confiança do consumidor, seja colocar produto no mercado bem preparado dentro do contexto que vivemos hoje.
O estado financeiro das empresas será fundamental para o seu posicionamento futuro; será este um trunfo perante a concorrência?
Penso que, neste momento, a difícil situação financeira abrange todas as empresas. Talvez a umas mais que a outras, mas não acredito que seja por si um fator de vantagem ou desvantagem concorrencial. Infelizmente, algumas empresas terão menores condições de sobreviver a esta crise, e as que conseguirem ultrapassar esta fase mais difícil poderão beneficiar desse fato. Acredito mais num fator concorrencial baseado em criatividade, inovação, serviço e qualidade.
Nota: A Ambitur conta, desde março de 2020, com um conjunto de Conselheiros que partilham connosco as suas visões sobre questões da atualidade no setor do Turismo. Os nossos Conselheiros Ambitur são, neste momento: Jorge Rebelo de Almeida (CEO da Vila Galé), José Theotónio ( presidente da comissão executiva do Pestana Hotel Group), Manuel Proença (presidente do Grupo Hoti Hotéis), Miguel Quintas (CEO do Consolidador.com), Frédéric Frère (CEO da Travelstore), Vítor Filipe (presidente da TQ Travel Quality e ex-presidente da APAVT), Raul Martins (presidente da AHP e do conselho de administração do Grupo Altis), Francisco Teixeira (CEO da Melair Cruzeiros), Luís Alves de Sousa (sócio gerente do Hotel Britania e ex-presidente da AHP), Bernardo Trindade (administrador do PortoBay Hotels & Resorts e ex-secretário de Estado do Turismo), José Lopes (diretor da easyJet em Portugal), Eduardo Jesus (secretário Regional de Turismo e Cultura da Madeira), Francisco Pita (CCO ANA Aeroportos) e José Luís Arnaut (presidente-adjunto da Associação Turismo de Lisboa). Em breve irão juntar-se a este painel mais um conjunto seleto de Conselheiros.