Numa altura em que quase 50% dos quartos disponíveis em Portugal não são vendidos, numa clara situação de capacidade superior à procura, o RevPar interessante, mas descentralizado de regiões como Lisboa, Algarve e Madeira constitui uma situação preocupante. “Temos uma capacidade instalada que é muito superior à procura. Temos é de aumentar a procura pelos nossos produtos”, afirmou Luís Veiga, Presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), durante o debate do segundo Breakfast and Business do Fórum Turismo 2.1, hoje, na Escola de Direcção de Negócios (AESE), que reuniu o responsável da AHP, Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo Português (CTP) e Vítor Silva, Presidente da Agência Regional de Promoção Turística do Alentejo (ARPT Alentejo). &Os três responsáveis defendem que Portugal deve ter uma voz única ao nível da promoção, sim, mas que os moldes em que esta promoção é feita é ainda uma questão a debater, que não é de agora e que é um processo moroso. Apesar do prazo para a criação desta entidade ser 1 de Janeiro de 2015. “Não há um modelo óptimo neste processo e nós temos de adequar o nosso modelo à nossa realidade. E a nossa realidade tem muitos interesses envolvidos e a hotelaria não pode sofrer com isso”, continua o presidente da AHP. “A ideia era existir um maior envolvimento dos privados”, defende Francisco Calheiros, que aponta que um dos problemas é o facto de o Turismo ser tão transversal que as grandes decisões não passam por ele, mas sim por outros departamentos, como o Ordenamento do Território, os Transportes ou as Finanças. “Um dos meus principais pontos é tentar reforçar a Confederação em representatividade, com mais força económica, para contratar mais pessoas, para defender melhor o Turismo”. Outro é o facto de, ao contrário de outros sectores que falam numa só voz, no turismo há muitas vozes, o que faz com que se disperse e se perca força. O presidente da CTP reitera que a promoção é feita de forma profissional, o que é necessário é ter mais promoção. “A promoção para nós não é um custo, é um investimento. A nossa capacidade instalada existe. Nós somos provavelmente o único sector que não precisa de mais nenhum rent-a-car, nem mais uma agência de viagens, nem mais um hotel”. &Enquanto presidente de uma ARPT, Vítor Silva, afirma que, independentemente da entidade, é necessário ter uma articulação com o Turismo de Portugal. “Houve uma altura em que o Turismo de Portugal deixava uma margem excessiva para as Agências, o que levava a que estas tivessem acções que não estavam suficientemente articuladas com o Turismo de Portugal. Mas também não deveria de haver apenas uma Agência Nacional, porque o conhecimento do território é fundamental e o território é muito diversificado. É fundamental ter players que conheçam bem o território, os empresários e o produto turístico. O problema não é o nome, o problema é o conteúdo”. Vítor Silva adianta que é necessário melhorar o funcionamento do Turismo de Portugal e trazer os privados para o nível de trabalho, o nível da decisão. “Toda a promoção interna e externa deveria estar entregue às Agências Regionais de Promoção Turística, não pode haver uma divisão nisto. A estruturação e monotorização da oferta deve ser feita por uma entidade pública, a estruturação do produto turístico, que é uma coisa que não compete aos privados, que apenas têm de promover e vender e negócio”. &O Presidente da ARPT do Alentejo afirmou que todos os agentes deveriam ser chamados a falar sobre o processo, apesar do prazo para o início do próximo ano, com o objectivo de ter uma agência com poder de decisão e execução a funcionar a nível nacional.&&Por Rita Bernardo