A European Travel Comission (ETC) revelou recentemente quais as tendências que marcaram o último trimestre de 2021.
Em termos de desempenho, a ocupação hoteleira na Europa melhorou juntamente com o ADR (Average Daily Rate) mas ainda está longe dos níveis de 2019. Na Europa, a taxa de ocupação em 2021 aumentou cerca de 30% face ao ano anterior, com o ADR a subir aproximadamente 15% e o RevPar mais 50%. Já tendo em conta os valores de 2019, na Europa, a taxa de ocupação ainda está 40% abaixo dos níveis pré-pandémicos, o ADR ainda cai mais de 5% e o RevPar esteve 45% abaixo de 2019.
O relatório indica-nos que a ocupação hoteleira permaneceu inferior a 2019, com as maiores quedas a registarem-se em países como a Eslováquia (cerca de -65%), República Checa (mais de -60%) e Áustria (quase -60%). Em melhor posição de recuperação estiveram a Turquia (pouco mais de -20%), Reino Unido (cerca de -30%) e França (cerca de -35%). Portugal terá tido uma queda na ocupação hoteleira de cerca de -50%.
Os dados apontam para uma melhoria no segundo semestre e uma aceleração no quarto trimestre, na maioria dos países, no que se refere ao crescimento da taxa de ocupação hoteleira em 2021. Portugal, por exemplo, regista um aumento de cerca de 150% face a quarto trimestre de 2020, e de aproximadamente 50% relativamente ao terceiro trimestre de 2020.
No quarto trimestre de 2021 verificou-se também a retoma da procura por parte dos passageiros aéreos na maior parte das regiões. Na Europa, os três últimos meses do ano passado estiveram “apenas” pouco mais de 40% abaixo dos níveis de 2019 a nível de RPK (Revenue Passenger-Kilometers), quando no terceiro trimestre tinham estado quase 50% abaixo de igual período de há dois anos, no segundo trimestre aproximadamente 75% abaixo de 2019 e no primeiro trimestre cerca de 80% abaixo dos níveis de há dois anos. A melhor recuperação do quarto trimestre registou-se na América do Norte, seguida da América Latina.
Os voos na Europa recuperaram mais depressa do que os passageiros. Em termos de número total de voos, o tráfego aéreo europeu começou a recuperar a partir de maio de 2021, tendo atingido o melhor nível (perto de -20% face a 2019) no último mês do ano. Já no que se refere ao crescimento do número de passageiros na Europa, e face a 2019, o mês e junho começou a assinalar uma subida, que se manteve até novembro (cerca de -45% abaixo de 2019). Os load factor recuperaram mas continuaram abaixo dos níveis de 2019.
O crescimento das viagens continuou a sentir-se no final de 2021, mas liderado pelas viagens domésticas. em julho, as viagens domésticas conseguiram superar ligeiramente os níveis de 2010, mas a entrada de turistas continuou inferior em cerca de 40%, embora com tendência para diminuir essa queda.
As viagens internacionais passaram por momentos complicados em 2021. As chegadas internacionais em Portugal, por exemplo, estiveram quase 70% abaixo de 2019, enquanto que as dormidas caíram aproximadamente 65% face há dois anos. Os países com maiores quebras face a 2019, nestes dois indicadores, foram a Letónia, Estónia e Finlândia, embora também a Alemanha tenha sentido uma forte queda nas dormidas.
As viagens regionais aumentaram em finais de 2021, com as chegadas e dormidas a crescerem por mercado emissor regional.
A análise da ETC, e da Oxford Economics, revela ainda pouca influência da variante Ómicron nos dados dos hotéis até dezembro. Na Europa, a taxa média de hotelaria
O caso dos EUA
Nos EUA, a Covid-19 ainda é um fator importante para o cancelamento de viagens. O estudo indica que nos próximos seis meses, 31% dos inquiridos afirma reduzir o número de viagens que irá fazer, enquanto 30% prefere escolher destinos para os quais possa conduzir sem ter de depender do avião. 26% opta por viajar nos EUA, em vez de ir para fora e 25% admite que a Covid-19 não vai influenciar os seus planos de viagem. Somente 11% indica que não pretendem viajar e 10% afirmam que vão cancelar as viagens.
Mas a verdade é que as viagens aéreas nos EUA continuam a demonstrar uma resiliência extraordinária, com os meses de novembro e dezembro de 2021 a atingirem 84% dos níveis de 2019, caindo para os 79% em janeiro de 2022.
A eficácia da vacinação está a sustentar a confiança dos viajantes. E os dados dos EUA revelam uma recuperação rápida da confiança com a variante Delta. No entanto, a vacinação ainda evolui a um ritmo diferente de região para região (e país). NA Europa encontramos cerca de 63% da população totalmente vacinada, sendo apenas ultrapassada pela América do Sul (67%), com a América do Norte e Ásia a 60%. A nível mundial, há 52% da população com a vacinação completa, com a África mais atrasada (apenas 11%).
Expectativas económicas
O estudo da ETC/Oxford Economics aponta para um primeiro trimestre de 2022 fraco seguido de uma retoma saudável. E sublinha que os consumidores ainda são a chave da recuperação económica, tendo poupanças significativas para ir libertando nos próximos anos.
Europa: reservas internacionais fracas
As reservas de viagens internacionais para a União Europeia (UE) entre 4 de janeiro de 2021 e 2 de janeiro de 2022 tiveram uma queda de 78%.
O Eurobarómetro aponta para cautela e 49% dos inquiridos admitem que em termos de efeitos da pandemia no seu comportamento enquanto viajantes sobrepõe-se mais atenção dada às medidas de saúde e segurança. 38% falam de fazer mais férias no seu próprio país e 34% em viajar menos a nível geral. Já 28% afirmam dar mais atenção ao impacto das viagens nas comunidades locais. Por sua vez, 24% admitem ter alterado os seus destinos e somente 21% acredita que não haverá efeitos a longo prazo.
Na Europa, a atividade a nível doméstico permanece fundamental a curto prazo, representando, em 2021, as viagens domésticas cerca de 75% das viagens internas. As previsões apontam para que esta percentagem caia nos próximos anos, começando já por 2022, que poderá atingir menos de 70%, até descer a menos de 65% em 2025.
A recuperação das viagens internacionais é esperada em 2024. Em 2020 e 2021, as dormidas internacionais na Europa Ocidental terão rondado os 750 milhões, sendo que as dormidas domésticas rondaram em 2021 quase dois mil milhões, depois de em 2020 terem caído para pouco mais de 1.500 milhões de dormidas. A expectativa é que a partir daqui estes números disparem, atingindo em 2024 cerca de 2,25 mil milhões de dormidas internacionais na região, e cerca de 3,75 mil milhões de dormidas domésticas.
A análise aponta a recuperação da Europa antes de outras regiões. No Velho Continente, em 2021, as chegadas estiveram mais de 60% abaixo dos níveis de 2019, esperando-se que este ano fiquem a cerca de 20% dos valores de há dois anos para em 2023 recuperaram para apenas -5% dos níveis de 2019.
O mercado europeu de proximidade será o grande impulsionador (responsável por cerca de 71% das chegadas na Europa Ocidental em 2019). As viagens de países mais próximos deverão representar três quartos do aumento das visitas em 2022, diz o estudo.
Verifica-se igualmente uma subida nos dados de reservas por parte das Américas para a UE. Entre 4 de janeiro de 2021 e 2 de janeiro de 2022, a queda das reservas da Europa para a região foi de -78%; seguido das Américas (-79%), África & Médio Oriente (-82%) e Ásia Pacífico (-98%). Mas as intenções dos viajantes norte-americanos de viajar continuam em alta, com cerca de nove em cada 10 com planos de viajar nos próximos seis meses. Verifica-se aliás uma recuperação mais rápida das viagens dos EUA para a Europa do que de qualquer outro mercado de longo curso.