A IATA prevê prejuízos na indústria da aviação de 47,7 mil milhões de dólares em 2021 (uma margem de lucro líquido de -10,4%). Este resultado é uma melhoria face às estimativas de prejuízos de 126,4 mil milhões de dólares em 2020 (margem de lucro líquida de -33,9%).
“Esta crise é mais longa e profunda do que alguma vez poderíamos ter esperado. Os prejuízos serão menores do que em 2020 mas as dores da crise aumentam. Há otimismo nos mercados domésticos nos quais a resiliência tradicional da aviação é demonstrada através de recuperações em mercados sem restrições de viagens internas. Porém, as restrições de viagens impostas pelos Governos continuam a afundar a procura subjacente para viagens internacionais. Apesar da estimativa de 2,4 biliões de pessoas viajarem de avião em 2021, as companhias aéreas vão perder mais 81 mil milhões de dólares em dinheiro”, revela Willie Walsh, diretor geral da IATA.
Prioridades imediatas
1. O cenário aponta para a retoma da indústria no final de 2021. E a IATA pede que existam planos para uma retoma que prepare uma recuperação. A associação continua a pedir aos Governos que estabeleçam planos para não se perder tempo no reinício do setor quando a situação epidemiológica permitir a reabertura das fronteiras.
“A maioria dos Governo ainda não têm indicações claras das referências que usarão para devolver às pessoas a sua liberdade de viajar em segurança. Entretanto, uma parte significativa dos 3,5 triliões de dólares do PIB e 88 milhões de postos de trabalho sustentados pela aviação estão ameaçados. Retomar com eficácia a aviação vai impulsionar os setores do turismo e das viagens e a economia global. Com o vírus a tornar-se endémico, aprender a viver, trabalhar e viajar em segurança é fundamental. Isso significa que os Governo têm de voltar o seu foco para gestão de risco para proteger as vidas das pessoas”, revela o responsável.
2. Apoio ao emprego: As perdas da indústria implicam a perda de dinheiro de 81 mil milhões de dólares em 2021 além dos 149 mil milhões de dólares de 2020. As medidas de alívio financeiro governamentais e os mercados de capitais têm estad a preencher este vazio nos balanços finanveiros das companhias aéreas, impedindo falências generalizadas. A indústria vai recuperar mas vão ser necessárias mais medidas de alívio público, especialmente sob a forma de programas de apoio ao emprego.
“Devido a medidas de alívio governamental, redução de custos e sucesso no acesso a mercados de capitais, algumas companhias aéreas parecem capazes de sair da tempestade. Outras estão menos apoiadas e poderão de precisar de mais dinheiro dos bancos ou mercados de capitais. Isto aumentará o encargo de endividamento da indústria, que escalou em 220 mil milhões de dólares para 651 mil milhões de dólares. Há um papel decisivo dos governos no sentido de contribuir com medidas de apoio que garantam que os trabalhadores e as competências são retidos para retomar com sucesso e reconstruir a indúsria”, afirma Walsh.
3. Redução/contenção de custos: A indústria sairá da crise financeiramente enfraquecida. A contenção e redução de custos, sempre que possível, será essencial para restaurar a saúde financeira.
Previsões
As restrições, incluindo quarentenas, acabaram com a procura. A IATA estima que as viagens (RPKs) recuperem para 43% dos níveis de 2019 ao longo do ano. Embora seja uma melhoria de 26% face a 2020, ainda está longe de ser uma recuperação. Os mercados domésticos vão melhorar mais depressa do que as viagens internacionais. Globalmente, o número de passageiros deverá chegar aos 2,4 biliões em 2021. Uma melhoria dos quase 1,8 biliões que viajaram o ano passado, mas muito abaixo do máximo de 2019 de 4,5 biliões.
O tráfego internacional de passageiros permaneceu 86,6% inferior face aos níveis pré-pandémicos nos primeiros dois meses de 2021. O progresso da vacinação nos países desenvolvidos, especialmente nos EUA e na Europa, deverá juntar-se à capacidade de testagem para permitir um regresso de algumas viagens internacionais no segundo semestre do ano, atingindo 34% dos níveis de procura de 2019. 2021 e 2020 têm padrões de procura opostos: 2020 começou forte e terminou fraco, enquanto que 2021 está a começar em baixo e deverá fortalecer-se para o final do ano. O resultado será zero crescimento internacional quando comparando os dois anos.
O tráfego doméstico de passageiros deverá ter um desempenho ligeiramente melhor do que os mercados internacionais. Isto devido a um forte crescimento do PIB (5,2%), poupaças dos consumidores durante os confinamentos, procura reprimida e a ausência de restrições de viagens domésticas. A IATA estima que os mercados domésticos possam recuperar para 96% dos níveis pré-crise de 2019 no segundo semestre de 2021. Isso representaria uma melhoria de 48% face ao desempenho de 2020.
As receitas da indústria deverão totalizar os 458 mil milhões de dólares. São apenas 55% dos 838 mil milhões de dólares de 2019 mas representam um crescimento de 23% face aos 372 mil milhões de dólares gerados em 2020.
As receitas dos passageiros deverão somar 231 mil milhões de dólares, subindo dos 189 mil milhões de 2020, mas muito abaixo dos 607 mil milhões de dólares gerados em 2019.
A capacidade deverá regressar a um ritmo mais lento do que a procura. Isso reflete a pressão sobre as companhias aéreas a nível de dívida e de preço de combustível para operarem serviços que sejam positivos em termos de cash-flow.