De acordo com a estimativa rápida do INE, em abril de 2020 o setor do alojamento turístico deverá ter registado 68,0 mil hóspedes e 193,8 mil dormidas, o que corresponde a variações de -97,1% e -96,7%, respetivamente (-62,3% e -58,7% em março, pela mesma ordem). As dormidas de residentes terão diminuído 92,7% (-57,6% em março) e as de não residentes terão decrescido 98,3% (-59,2% no mês anterior).
Em abril, no contexto do estado de emergência, cerca de 80,6% dos estabelecimentos de alojamento turístico terão estado encerrados ou não registaram movimento de hóspedes.
De acordo com os resultados de um questionário específico adicional que, durante os meses de abril e maio, o INE promoveu e que obteve respostas de cerca de 5000 estabelecimentos, sobre as perspetivas para a atividade turística nos próximos meses até agosto, 78,4% dos estabelecimentos de alojamento turístico respondentes (representando 90,4% da capacidade de oferta) assinalaram que a pandemia Covid-19 motivou o cancelamento de reservas agendadas para os meses de março a agosto de 2020. Esta percentagem varia inversamente com a extensão do horizonte temporal: 74,4% reportaram cancelamentos para junho, 63,6% para julho e 57,5% para agosto.
A atual pandemia está a condicionar a atividade da generalidade dos setores económicos, a nível nacional e mundial, particularmente do turismo. Dada a preocupação que se está a gerar sobre este setor, o INE volta a divulgar antecipadamente as estatísticas mensais sobre a atividade turística, correspondentes a abril de 2020, baseadas na informação primária recolhida até 27 de maio no âmbito do Inquérito à Permanência de Hóspedes na Hotelaria e outros Alojamentos. No destaque habitual sobre a atividade turística em abril, previsto para 17 de junho, os resultados agora publicados poderão ser revistos e acrescentado um maior detalhe na sua apresentação, em função da informação entretanto transmitida ao INE.
Em abril de 2020, o setor do alojamento turístico deverá ter registado 68,0 mil hóspedes e 193,8 mil dormidas, correspondendo a variações de -97,1% e -96,7%, respetivamente (-62,3% e -58,7% em março, pela mesma ordem).
As dormidas de residentes terão diminuído 92,7% (-57,6% em março) atingindo 122,9 mil, enquanto as de não residentes terão decrescido 98,3% (-59,2% no mês anterior), situando-se em 70,9 mil. Os hóspedes residentes terão sido 48,2 mil, o que se traduz num decréscimo de 94,5% (-61,9% em março) e os hóspedes não residentes terão atingido um total de 19,8 mil recuando 98,6% (-62,6% no mês anterior).
A totalidade dos principais mercados emissores registou decréscimos expressivos em abril, superiores a 95%.
Em abril, no contexto do estado de emergência, cerca de 80,6% dos estabelecimentos de alojamento turístico terão estado encerrados ou não registaram movimento de hóspedes.
O perfil dos poucos turistas que pernoitaram nos estabelecimentos de alojamento turístico neste mês terá sido diferente do habitual, tendo sido reportadas ao INE diversas situações, como por exemplo de hóspedes que ficaram retidos em Portugal sem possibilidade de regressarem ao seu país de residência, ou de pessoas que, por motivos profissionais, tiveram de se deslocar no país e pernoitar fora do seu local de residência.
Resultados do questionário específico sobre o impacto da pandemia COVID-19
O INE colocou aos estabelecimentos de alojamento turístico três questões visando avaliar o impacto da atual pandemia COVID-19 na sua atividade, nomeadamente quanto às reservas e cancelamentos no período de março a agosto de 2020, por principais mercados, tendo obtido cerca de 5 000 respostas válidas. Apresentam-se de seguida os resultados obtidos.
Cancelamentos de reservas na maioria dos estabelecimentos
Em Portugal, 78,4% dos estabelecimentos de alojamento turístico respondentes assinalaram que a pandemia motivou o cancelamento de reservas agendadas para os meses de março a agosto de 2020 (estes estabelecimentos representam 90,4% da capacidade da oferta dos estabelecimentos respondentes).
A RA Madeira foi a região que apresentou maior peso de estabelecimentos com cancelamentos de reservas (90,4% dos estabelecimentos e 98,3% da capacidade oferecida), seguindo-se a RA Açores (86,7% e 96,5%, respetivamente), a AM Lisboa (84,3% e 93,6%, pela mesma ordem) e o Algarve (81,7% e 91,2%, respetivamente).
As medidas mais restritivas à mobilidade das pessoas poderão ter influenciado a maior taxa de cancelamentos que se verificou nas Regiões Autónomas.
No segmento da hotelaria, os estabelecimentos com cancelamentos de reservas devido à pandemia COVID-19
representaram 92,0% do total (94,3% da capacidade oferecida). No alojamento local, estes estabelecimentos
corresponderam a 74,2% do total (78,4% da capacidade oferecida) e no turismo no espaço rural e de habitação
representavam 68,8% do total (74,1% da capacidade).
Cancelamento da totalidade das reservas diminui nos meses de maior procura
Como se pode ver no gráfico, a proporção de estabelecimentos reportando cancelamentos parciais ou totais de reservas diminui nos meses em que tradicionalmente a solicitação de serviços de alojamento turístico é mais intensa. Ainda assim, de acordo com esta informação, cerca de 74,4% reportaram cancelamentos para junho, 63,6% para julho e 57,5% para agosto.
Mercado nacional preponderante nos cancelamentos de reservas
Quando questionados sobre os principais mercados com cancelamentos de reservas (podendo cada estabelecimento identificar até três mercados), o mercado nacional foi o mais referido, tendo sido identificado por 60,8% dos estabelecimentos de alojamento turístico.
O mercado espanhol foi o segundo mais referido (49,4% dos estabelecimentos), seguindo-se os mercados francês (31,9% dos estabelecimentos), alemão (27,1% dos estabelecimentos) e britânico (24,1% dos estabelecimentos).
Analisando os mercados que foram identificados como um dos três mercados com maior número de cancelamentos de reservas em cada região, observa-se que:
– No Norte, o mercado nacional foi identificado por 66,2% dos estabelecimentos, seguindo-se o mercado espanhol (referido por 61,6% dos estabelecimentos);
– No Centro, o mercado nacional foi mencionado por 84,2% dos estabelecimentos, seguindo-se o mercado espanhol (52,5% dos estabelecimentos);
– Na AM Lisboa, o mercado espanhol foi referido por 59,0% dos estabelecimentos e o mercado francês foi mencionado por 39,7% dos estabelecimentos. Nesta região, o mercado nacional foi identificado por 33,5% dos estabelecimentos;
– No Alentejo, o mercado nacional foi identificado por 81,3% dos estabelecimentos, seguindo-se o mercado espanhol (referido por 43,1% dos estabelecimentos);
– No Algarve, 65,0% dos estabelecimentos referiram o mercado britânico, seguindo-se os mercados nacional (48,5% dos estabelecimentos) e espanhol (43,8% dos estabelecimentos);
– Na RA Açores, o mercado nacional foi identificado por 83,9% dos estabelecimentos, seguindo-se o mercado alemão (54,0% dos estabelecimentos);
– Na RA Madeira, o mercado alemão foi identificado por 72,9% dos estabelecimentos, seguindo-se o mercado francês (58,7% dos estabelecimentos) e o mercado britânico (49,0% dos estabelecimentos).
Na hotelaria, o mercado nacional foi mencionado como um dos três mercados com maior número de cancelamentos por 66,5% dos estabelecimentos, seguindo-se o mercado espanhol (58,1%). Já nos estabelecimentos de alojamento local, o mercado espanhol foi identificado por 49,8% dos estabelecimentos, seguindo-se o mercado nacional (48,2%). Nos estabelecimentos de turismo no espaço rural e de habitação, o mercado nacional foi mencionado por 74,5% dos estabelecimentos.