Na IV Convenção da Associação Nacional dos Locadores de Veículos (ARAC), Paulo Pinto, presidente da associação reiterou a posição que as empresas de locação de veículos têm tomado face à cobrança das portagens para o setor. Na ótica dos empresários, o regime atual de pagamento destas taxas é improdutivo e precisa de ser revisto.
Na sessão de abertura da convenção, que se realizou no Mosteiro de Alcobaça, a 31 de março, Paulo Pinto afirmou que as empresas de aluguer de automóveis não podem ser responsabilizadas pelo valor cobrado nas portagens aos clientes.
Em muitos casos, processos deste tipo transpõe para as empresas custos adicionais que se tornam “difíceis de comportar”. Os locadores acabam, entretanto, por ser obrigados a tornar-se cobradores, um papel que não faz parte das funções e que exige toda uma burocracia interna adicional.
Por vezes, “obtemos valores incobráveis”, evidenciou o presidente da ARAC, relatando histórias em que “um dia depois de a viatura ter sido devolvida é o suficiente para não termos capacidade de cobrança”. Esta situação, para o responsável, aumenta a pressão sobre a tesouraria e faz perder valor.
A ARAC exige assim “às entidades legisladoras e reguladoras” que “corrijam as incoerências com que a atividade se enfrenta”. Este regime, “que continua sem solução eficaz, coloca nas empresas de ‘rent-a-car’ o ónus de um problema que lhes é absolutamente alheio”.
Nuno Fazenda, secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, interveio, de seguida, na sessão de abertura da Convenção da ARAC. O representante do Estado recebeu o apelo de Paulo Pinto, afirmando que “continua o diálogo relativamente à matéria das portagens”.
A mobilidade associada à sustentabilidade e à digitalização
Ainda sobre as portagens, o presidente da ARAC mencionou que “também aqui a digitalização se impõe”. Trata-se de investir em ferramentas que tornem os processos mais rápidos e que agilizem as tarefas. De resto, esta foi uma das componentes em discussão na IV Convenção da ARAC, onde foi proposta a relação entre a mobilidade, a sustentabilidade e a digitalização.
Esta relação “é, hoje, transversal à economia, e coloca-nos perante um conjunto de tendência e estímulos que, como país e como setor, precisamos de saber responder”, afirmou Paulo Pinto. O presidente da ARAC mencionou assim “algumas ideias não exaustivas” sobre os temas desenvolvidos nos seis painéis de debate.
A mudança do paradigma atual, mais focado na experiência e com menos atenção à posse, é mais evidente nas novas gerações, considera Paulo Pinto, que abre a discussão para o investimento da oferta de aluguer de automóveis por via digital.
A digitalização e a desmaterialização são, segundo o responsável, absolutamente transversais, e uma realidade incontornável. Para Paulo Pinto, a digitalização será em breve “um fator meramente higiénico, indissociável do modelo de negócio de locação de veículos”.
A sustentabilidade é outro tema inegável na discussão, “até porque o setor dos transportes continua a ser um consumidor intensivo de energia”. A eletrificação de frotas foi, aqui, o destaque do presidente da ARAC, mas, tal como a questão das portagens, exige ação política.
Paulo Pinto considerou que a infraestrutura de carregamento de veículos nacional é uma das principais condicionante. Reconhece o investimento que está a se feito com a instalação dos cerca de 6.000 postos públicos de carregamento, mas alerta que “há obstáculos que, sozinhas, as empresas não conseguem ultrapassar”.
É preciso um esforço conjunto para que todo o país possa beneficiar deste tipo de mobilidade, “principalmente os concelhos mais carentes, em população e dinâmicas socioeconómicas, onde o turismo sustentável pode desempenhar um papel ainda mais relevante”, remata o presidente da ARAC.
O representante dos locadores de automóveis deixou, no fim, outra exigência ao poder político, para que haja um empenho efetivo no acesso das empresas de locação de veículos às verbas do Plano de Recuperação e Resiliência.
Por Redação da Ambitur, na IV Convenção da ARAC, em Alcobaça.