Outubro marcou o regresso às aulas e a Ambitur.pt quis saber como se preparou uma das mais prestigiadas escolas hoteleiras do mundo, a Les Roches Marbella, neste cenário de pandemia mundial. Carlos Díez de la Lastra, seu diretor geral, afirma que a “procura” dos alunos não diminuiu pois conhecem a “oportunidade de futuro” que a indústria oferece, assim como as empresas que, em momentos difíceis, ambicionam recrutar os profissionais mais competentes para lidar com uma crise.
“O interesse em estudar na Les Roches não diminuiu”, revela Carlos Díez de la Lastra, sendo “a nossa posição como um dos três melhores centros do mundo especializados em formação hoteleira um fator determinante para este interesse contínuo”, além de que “o aluno sabe distinguir a grande oportunidade de futuro que esta indústria implica”. É que, segundo o diretor, “há uma outra realidade que ninguém põe em causa” que é a de que “voltaremos ao ponto anterior quando o vírus não for mais uma ameaça”. Assim, “os nossos alunos continuam a ser recrutados e procurados” e “espera-se que a procura continue a crescer à medida que hotéis, viagens e turistas retomarem a atividade”.
Embora seja difícil a sua gestão em tempos de pandemia, “é em momentos difíceis que é mais premente a necessidade de recursos humanos qualificados” e “quando as empresas tentam rastrear os melhores talentos”, com perfis flexíveis, adaptáveis e com o poder de resolver problemas, como é por definição um aluno Les Roches, defende Carlos Díez de la Lastra. “As empresas precisam mais do que nunca de profissionais com a preparação, visão e flexibilidade para enfrentar novos e mutáveis desafios no setor.”
Neste contexto, o CEO da Les Roches Marbella afirma que “a gestão de crises deve ser parte integrante de qualquer programa académico” de modo a “fornecer aos futuros profissionais ferramentas e competências para estarem preparados para o próximo cenário de crise”. Carlos Díez de la Lastra está certo de que, nesta fase, “a indústria priorizará o talento mais bem formado” e que “a resiliência das empresas e dos seus colaboradores assumirá um papel fundamental”.
“Portugal e a sua forma de entender o turismo é uma história de sucesso”
Na Les Roches Marbella são formados, a cada semestre, estudantes de mais de 85 nacionalidades com destaque para alunos de Espanha, Rússia, Cazaquistão, Itália, França, Ucrânia, Alemanha, EUA, Grécia e Portugal. O nosso país corresponde a cerca de 7% das matrículas e o diretor comenta que, face à proximidade geográfica, “mantemos fortes laços com a rede empresarial portuguesa, admirando a sua capacidade de se reinventar”. E vai mais longe: “Portugal e a sua forma de entender o turismo é uma história de sucesso que analisamos frequentemente nas nossas salas de aula.”
Como se preparou a Les Roches para o “novo normal”?
Mas num “micromundo” onde “o multiculturalismo e a diversidade” imperam, como se lida com as restrições à mobilidade impostas pela pandemia? A maioria dos alunos continuam a optar pela presença física no campus de Marbella, contudo, o diretor da Les Roches explica que “a partir de 17 de março adaptámos todos os programas ao ensino à distância”. O resultado foi uma “taxa de participação diário de 95% com estudantes ligados a partir de 90 países”, atenta.
O “Connect“, por exemplo, replica os mesmos módulos do Diploma Universitário (BBA) em Global Hotel Management and Tourism Companies e “implementa-os de forma virtual”, incluindo “conselhos personalizados, vídeos online e tutoriais, e até degustações, e visitas guiadas a caves de vinho para descobrir as origens da enologia”, transmite Carlos Díez de la Lastra. O responsável considera que “as novas tecnologias permitem construir espaços virtuais seguros de interação” mas “continuamos a apostar num modelo de ensino misto que dá força à imersão, participação e valor da prática”. Em suma, “a tecnologia é nossa aliada; no entanto, nunca esquecemos que a experiência humana é o eixo em torno do qual o sucesso gira na gestão hoteleira”.
Também as áreas de Saúde e Bem-Estar já estavam integradas nos programas académicos da Les Roches, antes da pandemia, e “faziam parte dos protocolos básicos que os alunos aprendem”. O campus da Les Roches Marbella “recria um hotel de luxo” com residência, um quarto de hotel de última geração, uma demo-receção, quatro cozinhas profissionais personalizadas para diferentes conceitos de catering e um bar de demonstração, e “todos esses espaços exigem a máxima limpeza e higiene de acordo com um manual de qualquer hotel cinco estrelas”.
“Identificar ideias e pessoas capazes de acelerar a recuperação”
A Organização Mundial do Turismo (OMT) e a Sommet Education criaram o “Hospitality Challenge” com o objetivo de “identificar ideias e pessoas capazes de acelerar a recuperação” e, ao mesmo tempo, “promover a inclusão e a sustentabilidade como eixos estratégicos da indústria hoteleira do futuro”. O desafio recebeu perto de 600 candidaturas de “projetos inovadores de empreendedores com uma visão de confiança que demonstra que a indústria do turismo está ativa, viva e tem muito a dar às comunidades enquanto driver económico e social”, reflete Carlos Díez de la Lastra.
Os 30 finalistas, escolhidos pelo júri, serão elegíveis para bolsas integrais em 15 programas de ensino superior em instituições do Grupo Sommet, incluindo a Les Roches Marbella, e posteriormente os três projetos mais inovadores vão receber financiamento do grupo de investimento global Eurazeo, com vista à sua concretização. Este é assim “um dos concursos mais ambiciosos já realizados na indústria”, conclui o CEO.