Numa altura em que o setor do lazer e das viagens aguarda por uma retoma consistente do negócio, a Lusanova preparou-se para trazer ao mercado um produto mais alargado, seja ao nível dos destinos nacionais, como internacionais. Tiago Encarnação, administrador da Lusanova, e Francisco Alvares, responsável comercial, em entrevista a ambitur.pt, abordam várias temáticas, considerando que este será um ano de retoma consistente da atividade do setor e comentam as dúvidas que levanta o conflito militar na Ucrânia.
Que outras apostas ao nível de produto terão?
Francisco Alvares: Na europa, com exceção da Madeira e Açores, o produto que mais vendemos no ano de 2021 foi a nossa oferta de circuitos ibéricos em autocarro. Este é o nosso ADN, foi assim que a Lusanova começou. Mas numa altura (pandemia) em que todos achavam que as viagens em grupo não iriam sair, que as pessoas estavam com medo de viajar, até por considerarmos uma faixa etária de risco, aconteceu exatamente o contrário. Posso afirmar que desde março/abril do ano passado até novembro, quando houve outro pico da pandemia, a Lusanova confirmou, todos os meses, um ou dois circuitos de autocarro, tendo alguns deles chegado às 40 pessoas. Para nós foi espetacular. Tanto o é que a nossa aposta neste produto vai ser muito parecida com o que fizemos o ano passado. Não pretendemos dispersar as vendas lançando muito produto de autocarro, mas lançar um ou dois produtos por mês para que possamos canalizar essas vendas com a parceria que temos com as agências de viagens, de forma a confirmarmos o máximo possível de grupos.
[blockquote style=”1″]Não pretendemos dispersar as vendas lançando muito produto de autocarro, mas lançar um ou dois produtos por mês para que possamos canalizar essas vendas com a parceria que temos com as agências de viagens, de forma a confirmarmos o máximo possível de grupos.[/blockquote]
Tiago Encarnação: No produto dos circuitos de autocarros, temos os circuitos regulares, com partidas garantidas. Depois temos os circuitos ibéricos temáticos, culturais, gastronómicas, de festividades, entre outros.
A outra nota que gostava de deixar é que nos circuitos em geral e nos grandes destinos toda a programação que está no site pode ser adaptada a um determinado grupo que uma agência de viagens tenha. Podemos orçamentar esses casos. Podemos fazer um produto à medida ou com base na programação pré-definida que temos. Até ao nível da introdução de um guia em português, por exemplo. Isto é importante, porque muitas vezes as agências de viagens têm essa dúvida.
[blockquote style=”1″]Continuo a acreditar que este será o ano da retoma para o setor.[/blockquote]
Que expectativas têm relativamente a este ano?
Tiago Encarnação: Essa é a grande questão. Até agora os dados são animadores. O facto de a Bolsa de Turismo de Lisboa se realizar e de nós estarmos lá, é bastante animador. Continuo a acreditar que este será o ano da retoma para o setor. Nos produtos que disponibilizamos para 2022, o objetivo é chegar aos valores de 2019, pode ser utópico, mas temos de o ter como objetivo. Considero que nestas questões temos de pôr a fasquia um pouco alta para nos motivarmos. É lógico que não vou esconder, temos de ser realistas, que não só a situação pandémica não está resolvida, como também o que está a acontecer no leste europeu, na Ucrânia, não sabemos que consequências possam vir a ter. Até agora não sentimos. Suspendemos toda a operação para a Rússia, tivemos algumas perguntas de agentes de viagens, mas até agora não tivemos nenhuma desistência de circuitos próximos daquela zona geográfica do mundo.
Estou confiante. Depois de dois anos de pandemia temos de estar confiantes senão não nos conseguimos motivar. A programação que temos para este ano, mesmo não atingindo os volumes que tínhamos em anos anteriores, poderá proporcionar-nos um ano bom.
Face ao conflito militar atual na Europa, que consequências poderá haver para a operação turística nacional?
Tiago Encarnação: Ainda é muito cedo para se conseguir avaliar os impactos que esta situação terá no outgoing e no incoming. Depende do escalar da situação. Tudo vai depender dos acontecimentos das próximas semanas. Não posso dar outro tipo de respostas, pois não existem certezas. Desde o fim da guerra fria que não temos uma crise tão grave na Europa.
Uma coisa é certa, face aos dados que temos atualmente disponíveis, acredito que infelizmente os efeitos económicos na europa ocidental são já uma realidade que veio para ficar. Nesse sentido, acredito que nos próximos meses vamos sentir uma quebra na procura. Porque as pessoas vão estar num impasse para saber o que vai acontecer. Vão adiar as reservas das suas férias. Isso deverá acontecer.
Mas também acredito, que se o conflito não escalar, as pessoas não vão deixar de viajar. Em resumo, quero continuar otimista, sem deixar de ser realista, a curto prazo vamos todos sentir os efeitos da guerra, mas, como no passado, todos vamos encontrar forma de continuar a viajar. Temos de acreditar no bom senso e ter esperança.
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