Por Pedro Seabra, CEO Viatecla*
“O que será o mundo depois da crise que atualmente passamos: será igual, muito diferente, em que medida?
Bem, o que será o mundo depois da crise? Duvido que alguém saiba. Mas o que não será é certamente igual.
O mundo será diferente, não sei se muito, mas certamente diferente e para o Setor do Turismo, não é difícil prever e dizer que será mesmo MUITO diferente.
O Setor do Turismo foi certamente o primeiro a ter o impacto e consequências com o Vírus, e certamente será o setor a demorar mais tempo a recompor-se, provavelmente demorará anos. E muita coisa irá mudar.
O setor do turismo tem vários Stakeholders, mas simplificando vamos pensar nos detentores do Produto, nos Destinos e nos Distribuidores.
Para os detentores do produto, para além da questão económica que esta crise irá criar e que já tem grandes consequências, mas que será bem mais dramática nos próximos meses, o que criará grandes problemas de procura e mesmo de manutenção do preço em modos que vínhamos a assistir até agora. Trará questões de operação e de promoção desafiantes. Com grande foco na saúde e segurança sanitária, irá exigir às empresas alteração de processos e comportamentos, investimentos e formação e um desafio muito grande de passagem de confiança na comunicação e promoção. Num primeiro momento certamente terá que se virar para o cliente local, nacional, depois europeu, e acredito que só depois inter-continental.
Para o Destino, os desafios serão grandes e julgo com grande dificuldade de operacionalidade. Como nunca, será necessário a articulação com todos, trabalhar em rede e de forma rápida, conseguir passar uma imagem de Segurança Sanitária e fortes meios de prevenção e atuação nesta área. Portugal é um dos países mais seguros do Mundo e isso deu nos últimos anos parte do grande crescimento de turistas. Essa perceção agora tem que ser estendida para as questões de Saúde e Segurança Sanitária com grande urgência em termos de comunicação e prova, para que o exterior confie e, quando pensar em viajar, Portugal seja o destino. Isso deve ser quase um desígnio Nacional. O momento que vivemos é de Crise, sim, mas não de Guerra, não temos destruição, o destino continua cá, como a sua geografia, clima, tradições e serviços. A Batalha será no campo da comunicação e criação de perceção. Irá exigir investimento público, mas forte coordenação com o privado e também com a população; o pais é feito das pessoas que cá vivem, seus hábitos e práticas. É preciso fazer entender às pessoas o peso e importância que o turismo tem na nossa economia.
Para os Distribuidores, os que sobreviverem, têm que ser rápidos, tudo o que sabiam que tinham que fazer e nunca fizeram, agora é o momento, e fazer de forma diferente e bem mais efetiva. Acredito mesmo que é a oportunidade. Seja no suporte tecnológico, seja nos processos e, em particular, na oferta a dar aos clientes. Mas o Cliente, Passageiro, mudou certamente, não porque deixe de viajar, não acredito que as pessoas saiam tão mudadas assim do sofá, infelizmente acho que nessa área as pessoas não mudarão assim tanto, mas serão certamente mais exigentes, quererão mais informação, Segurança, garantir que se algo acontecer, tem quem os apoie. As Agências terão que fazer muito mais, com bem menos. O que necessitará de mais eficiência, foco e ferramentas. Uma comunicação assertiva e completa, o mais rápida possível, produto mais adequado Às necessidades e destinos mais seguros e com meios. Parceiros fortes e com serviços completos. Muito terá que mudar para aproveitar esta oportunidade que a distribuição irá ter, onde a tecnologia terá que dar resposta e ajudar.
Muito haveria a dizer e a detalhar, cada uma destas áreas necessita de ações profundas para minimizar o impacto, que será muito grande e, para muitos, infelizmente, até fatídico.
*A opinião foi solicitada por Ambitur.pt no âmbito de um conjunto de artigos que estamos a elaborar com empresários e responsáveis do setor sobre a atual situação que o país/mundo vice no âmbito do Covid-19.