Por Fermín Carmona, Co-Founder & CEO da Hotelverse
Nos últimos anos, o mundo acelerou a sua transformação digital e o setor do turismo não ficou para trás. Para as empresas, já não é novidade a importância de se adaptarem de forma rápida aos avanços tecnológicos, dos quais devem tentar obter o máximo benefício. A digitalização é um processo contínuo que veio para ficar, o que requer o investimento de dinheiro e tempo para transformar e otimizar os processos de venda de produtos e serviços.
Contudo, a dependência que a indústria hoteleira tem das agências de viagens online é notável – e é difícil libertar-se dela, uma vez que estas representam uma grande parte das vendas. As mais poderosas globalmente são a Booking, com mais de 1.5 milhões de reservas diárias e a Expedia, que tem mais de 600 milhões de visitas mensais; e, apesar de em 2022 se ter registado uma subida das vendas diretas das empresas hoteleiras, estas ainda estão aquém do desejado para garantir maior rentabilidade. Como resultado do forte compromisso de digitalizar o setor, os hotéis têm feito um esforço extra para promover os canais diretos, como o seu próprio website, call centers ou redes sociais.
a rentabilidade dos hotéis pode ser melhorada alterando o mix de distribuição, ou seja, aumentando as reservas diretas. Uma cadeia de hotéis ganha mais 25% por reserva se esta for direta, poupando comissões de terceiros
Efetivamente, a rentabilidade dos hotéis pode ser melhorada alterando o mix de distribuição, ou seja, aumentando as reservas diretas. Uma cadeia de hotéis ganha mais 25% por reserva se esta for direta, poupando comissões de terceiros.
No entanto, se a necessidade de digitalização do setor é clara, a adoção de tecnologia é muito lenta – o setor entende que um período de implementação de cinco anos é um prazo razoável, mesmo que dentro desse prazo a tecnologia possa expirar
No entanto, se a necessidade de digitalização do setor é clara, a adoção de tecnologia é muito lenta – o setor entende que um período de implementação de cinco anos é um prazo razoável, mesmo que dentro desse prazo a tecnologia possa expirar. Neste sentido, as barreiras atuais incluem, por um lado, as longas cadeias de decisão para aprovar a mudança e, por outro lado, as barreiras tecnológicas.
As tendências apontam para um futuro do setor orientado pela procura dos clientes, sendo essencial saber ouvir as suas necessidades e adaptar-se a elas. Existe uma tendência crescente para a procura do turismo sustentável e digitalizado, que melhore a experiência do cliente respeitando o ambiente. Neste aspeto, é importante dedicar tempo a conhecer o cliente, o seu comportamento, a forma como reserva as suas férias (plataformas a que recorre, tempo de antecedência das reservas em relação às datas de viagem e outras preferências), de forma a integrar a tecnologia nestes processos e melhorar a experiência oferecida.
para que uma nova tecnologia se implemente, há vários fatores determinantes para além da procura dos clientes
No entanto, para que uma nova tecnologia se implemente, há vários fatores determinantes para além da procura dos clientes. O primeiro é a viabilidade da produção, ou seja, que o preço do produto ou serviço seja acessível e, ao mesmo tempo, deixe uma margem de rentabilidade para o fornecedor. Por outro lado, a tecnologia deve ser escalável e elástica em função da procura. Além disso, os produtos complementares devem ter a capacidade de evoluir e de se adaptarem tecnologicamente com a rapidez e a eficiência de custos necessárias. Por último, a velocidade de crescimento do setor ajuda-nos a determinar se o ritmo desse crescimento permite a consolidação da tecnologia, ou se esta estagna devido a uma implementação lenta.
Os travões tecnológicos que prendem o setor
Sem dúvida, a tecnologia é um facilitador desta transformação que é obrigatória, sendo o grande desafio levá-la a cabo de forma eficiente e gerando valor acrescentado a cada um dos passos que damos. Temos assistido a uma mudança clara de mentalidade e vontade de evoluir em todos os setores; e o setor turístico tem-se mostrado sólido e capaz de atravessar as crises que surgem e adaptar-se à atualidade, ultrapassando as mudanças trazidas pela pandemia, mas também porque os clientes exigem e obrigam a enfrentar transformações muito profundas. O turismo quer aplicar uma inovação real, sustentável, escalável e que acrescente valor, modificando substancialmente os indicadores relacionados com as experiências de consumo e os processos de recolha de informação para enriquecer as experiências.
O turismo quer aplicar uma inovação real, sustentável, escalável e que acrescente valor, modificando substancialmente os indicadores relacionados com as experiências de consumo e os processos de recolha de informação para enriquecer as experiências
Finalmente, e embora ainda haja um longo caminho a percorrer, a tecnologia mais disruptiva, o metaverso, não está longe de ser adotada em massa no setor.
Tendências como a tecnologia virtual (realidade virtual e aumentada), o blockchain para transações e propriedades, e a IA, vão ser as tecnologias que mais evoluirão nos próximos anos.
Depende de cada empresa do setor dar o seu melhor para garantir que continuará a acompanhar esta evolução e a oferecer a melhor e mais avançada experiência aos clientes.