Depois de dois anos complicados para o turismo devido à pandemia de Covid-19, o setor parece estar finalmente posicionado para recuperar. Isso mesmo afirmou José Theotónio, CEO do Pestana Hotel Group, numa conferência de imprensa hoje, em Lisboa, para apresentar os resultados de 2021. Embora os meses de janeiro e fevereiro de 2022 ainda tenham sido fracos, em meados de março o mercado “começou a responder e a surpreender”, admitiu o gestor hoteleiro, frisando que “abril foi o primeiro mês em que estivemos acima de 2019”, esperando um comportamento igual para os meses de maio e junho, sendo que maio já está a ser “fantástico”, com todos os hotéis do grupo abertos.
[blockquote style=”1″]”as expectativas para o verão são boas”, com “reservas muito altas neste momento”, e a estimativa é que “2022 seja muito próximo de 2019”, com mais hotéis em operação.[/blockquote]
No entanto, e embora as “perspetivas sejam muito positivas, não podemos esquecer as sombras no meio da atividade turística”, recordou o responsável. Contudo, a verdade é que “as expectativas para o verão são boas”, com “reservas muito altas neste momento”, e a estimativa é que “2022 seja muito próximo de 2019”, com mais hotéis em operação.
Relativamente aos resultados de 2021, o Pestana Hotel Group começou a sentir uma recuperação em final de maio, com este mês e junho ainda relativamente fracos, e julho a evidenciar “alguma recuperação” e agosto e setembro com “algum alento”, mas em novembro, houve novamente um abrandamento. A hotelaria no verão e outono do ano passado já deu alguma ajuda, com resultados significativamente melhores do que 2020, embora ainda longe de 2019.
Assim, o EBITDA de 2021 situou-se nos 96,2 milhões de euros, quase triplicando o resultado de 2020, mas ainda a 60% de 2019. Para este resultado, os mais de 100 hotéis do grupo inverteram as perdas operacionais de 8,1 milhões de euros em 2020 para ganhos que rondaram os 50 milhões de euros em 2021. Em termos de volume de vendas, 2021 atingiu os 295,4 milhões de euros, um aumento em relação aos 181,7 milhões do ano anterior, mas muito longe ainda dos 418,8 milhões de euros de 2019. Já o resultado líquido do ano passado foi de 22,9 milhões de euros, uma inversão positiva face ao valor negativo de 32,2 milhões de 2020, porém ainda a contrastar com o resultado de 79,4 milhões de euros de 2019, o melhor ano de sempre do grupo.
José Theotónio adianta que os destinos de resort recuperaram “muito mais rápido” do que os de cidade, nomeadamente Porto Santo e Algarve. E lembra que foi lançado um desafio à equipa do grupo, mais concretamente aos hotéis que se encontravam fechados ainda no ano passado, no sentido de levar esses trabalhadores, através do sistema de mobilidade de trabalho, para as operações com maior procura, e “a resposta foi fantástica”. Foi o caso de mais de 300 funcionários da Madeira deslocados para o Porto Santo, e de Lisboa, Cascais e Porto foram trabalhar para o Algarve. E o CEO do grupo não duvida que “parte significativa dos bons resultados de verão foi potenciada” por esta mobilização.
Hotéis operacionais a 100%
José Theotónio deu conta ainda que, em fevereiro de 2020, altura em que a pandemia se instalou, estavam nove hotéis em construção. “Não abandonámos nenhum, mas não tínhamos pressa em terminá-los”, admitiu. A verdade é que foram sendo concluídos, mas sem abrir portas. Hoje estas nove novas unidades, que acrescentam cerca de 1000 quartos ao portefólio existente, já estão a funcionar: no Algarve, a Pousada de Vila Real de Santo António; em Lisboa, o Pestana Vintage Lisboa; no Porto, a Pousada do porto-Flores; na Madeira, o Pestana Fisherman; em Espanha, o Pestana CR7 Gran Vía Madrid; nos EUA, o Pestana CR7 Times Square; e em Marrocos, o Pestana Tânger. Já em 2022, abriram mais duas unidades: o Pestana CR7 Marrakech e o Pestana Douro, no Porto. Um investimento que rondou os 112 milhões de euros, distribuído ao longo de cerca de quatro anos.
O gestor reconhece que, este ano, o Pestana Hotel Group tem um grande desafio: a marca Pestana CR7. “Como pôr estes hotéis no mapa, a conquistarem o seu mercado” – é esta a questão, diz, agora que a marca está já em três grandes mercados como Madrid, Nova Iorque e Marraquexe.
Além de todas estas novidades, estão em aprovação mais dois projetos, designadamente no Porto Santo, o Pestana Dunas, e a unidade da Praia Formosa, ao lado do atual Pestana Bay, esta só para abrir dentro de três a quatro anos. No exterior, há também projetos, mais concretamente em Newark, onde o grupo português fará a gestão de um hotel detido pela família Seabra; e em Paris, mais um Pestana CR7, algo que o responsável aponta que irá demorar, embora esteja já aprovado e em infraestruturação.
No que se refere aos mercados, mantém-se os tradicionais, como o britânico e o alemão, mas José Theotónio avança que se verifica uma diversificação. Os irlandeses regressaram, os Países do Benelux ganharam mais peso e os EUA evidenciam o início de uma subida, sobretudo no Porto e em Lisboa, mas ainda a menos de 50% de 2019. Também o mercado francês está muito forte, e o Brasil começa a recuperar. Já os mercados escandinavos, estavam a voltar em força mas a situação na Ucrânia e Rússia veio reduzir as viagens desses destinos.