Um ano depois de assumir o cargo de diretor-geral de operações do grupo PHC Hotels, Miguel Andrade revelou à imprensa as transformações que trouxe consigo, naquilo que acredita ter sido uma “trajetória consciente”, com foco na subida da proposta de valor das unidades hoteleiras do grupo.
Na tentativa de abandonar um “modelo de negócio esgotado”, o responsável considerou importante rever a segmentação do PHC Hotels e revelou num almoço com a imprensa todas as mudanças que estão em cima da mesa, a começar pelos recursos humanos.
“Antes de pensar no produto, tivemos de pensar na equipa”
No encontro, Miguel Andrade explicou a nova estrutura organizacional da empresa, que agora conta com um novo departamento focado nas receitas, um departamento de controlo interno, uma nova direção técnica, uma nova direção comercial e, “feito de raiz”, um novo departamento de qualidade que estará a funcionar a partir de março, focando-se nas normas ESG de todos os hotéis do grupo.
Além das melhorias físicas nas infraestruturas para os trabalhadores, como nos balneários e no refeitório que passará a funcionar 24 horas por dia, a parte “humana” foi a principal aposta, essencialmente com o fim do salário mínimo e com o estabelecimento de um salário base de 800 euros mensais, mais subsídio de alimentação, totalizando os 900 euros por mês – “um aumento de retribuição em 14%”, revela o responsável.
Com a equipa “a funcionar coesamente desde junho de 2022”, foi ainda implementado um prémio variável anual a todos os colaboradores, que será pago já em março, relativo a 2022. Também se está a “democratizar a gorjeta”, para que exista uma distribuição justa da mesma por todos os colaboradores, que se irá refletir numa parte do salário.
A estas vantagens, é acrescentado o seguro de saúde para todos os trabalhadores e um programa de formação anual, com o objetivo de em 2023 aumentar para 75% os colaboradores nos quadros do grupo, face aos 50% registados em 2022. Ademais, o PHC Hotels revelou que neste momento se encontra a contratar para os diferentes serviços nas suas unidades hoteleiras: Hotel Mundial, Portugal Boutique Hotel, My Suite Lisbon Guest House e agora a mais recente novidade, o Convent Square Hotel by Vignette Collection.
Novo hotel abrirá em junho
Juntamente com a marca do InterContinental Hotels Group, o PHC Hotels abrirá neste verão, em junho, uma nova unidade hoteleira, o Convent Square Hotel by Vignette Collection, num investimento total de 36 milhões de euros. Este hotel terá 121 quartos e será a representação de “alta qualidade, luxo e lifestyle” num edifício de 1242, antigo convento dominicano.
Miguel Andrade confirmou que o diretor desta unidade já está escolhido e será João Neto, que vem do Four Seasons Costa Rica. Com “padrões muito próprios”, esta novidade já tem a maioria da equipa recrutada e a mesma está agora em formação consoante as linhas da marca, ficando a faltar uma gerente de receção.
Os preços começarão nos 200 euros por quarto e o diretor do grupo promete não ser um típico hotel standard.
Requalificação do Hotel Mundial
Miguel Andrade partilhou que o Hotel Mundial passará por um processo de requalificação de três anos, num investimento de 17 milhões de euros, que começará em dezembro deste ano. O processo será faseado e prevê a requalificação de 349 quartos, do bar, do restaurante Varanda e do lobby.
Ainda em 2023 são requalificados 91 quartos para “melhorar o conforto e as comodidades”, além da renovação da lavandaria que será usada para servir a nova unidade do PHC Hotels, que ficará ao lado do Hotel Mundial. Num último ponto, o responsável confirmou que a segurança será também revista.
Ao falar de resistência à mudança, Miguel Andrade frisou que “a administração identificou-se com esta estratégia” e que a motivação está em não estagnar, pois “o cliente é seletivo” e não lhe pode ser dado um preço superior sem nada de novo para oferecer.
Balanço 2022
Tendo por base o ano de pré-pandemia, 2019, Miguel Andrade confirmou que se registaram menos 15% das dormidas, mas por contraste houve um aumento do preço médio em 16%: “um impacto na rentabilidade”, diz o próprio.
Em análise, revelou ainda que as reservas diretas e por OTA’s representam 16% da totalidade e que as receitas, em geral, alinharam com 2019. Daí que para 2023 espera-se “mais rentabilidade”, mas para já o foco é “manter os níveis de faturação”.
A nível de mercado, o destaque é o norte-americano, seguindo-se o sul-americano, o alemão, o britânico, o espanhol e, por fim, o português.
Por redação Ambitur.