Foi hoje divulgado online, na página do Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos, um relatório que analisa a evolução verificada, mês a mês e durante o 1.º semestre de 2020, no mercado de jogos e apostas online, considerando o impacto que a doença Covid-19 teve nesta atividade e no comportamento dos jogadores.
A apresentação deste relatório, fora do contexto habitual de relatórios trimestrais, justifica-se pelo impacto que as restrições impostas em resultado do surto pandémico tiveram na atividade da exploração e prática dos jogos e apostas online. Efetivamente, a partir de meados de março e até ao início de junho, a maioria das competições desportivas sobre as quais incidiam apostas online foi suspensa e, por outro lado, foram encerrados os casinos (onde se praticam jogos e apostas de base territorial), o que também teve reflexos na evolução normal da atividade de exploração dos jogos de fortuna ou azar online.
A análise deste período exigiu, assim, uma apreciação autónoma, assente numa comparação da evolução mensal e que não pode cingir-se, de forma literal, a uma abordagem de comparação entre os resultados obtidos neste período com o homólogo do ano anterior, pelo facto de a evolução registada nos primeiros seis meses de 2020, em resultado da referida pandemia, ser atípica e, consequentemente, não permitir conclusões na comparação com outros períodos.
Assim, pode constatar-se que no 1.º semestre de 2020, o volume das apostas desportivas à cota foi de 239,9 milhões de euros, inferior em 3,6 milhões de euros quando comparado com o mesmo período de 2019 (243,4 milhões). Nos meses janeiro e fevereiro de 2020, o valor das apostas desportivas à cota manteve-se próximo da média registada nos meses anteriores (59,2 milhões de euros, face a 61,7 milhões no último trimestre de 2019), verificando-se a partir de março uma quebra acentuada, atingindo o seu valor mínimo em abril (7,7 milhões de euros).
Em maio de 2020, com o retorno à atividade de algumas das competições desportivas que geram maior volume de apostas, observou-se a retoma do valor das apostas desportivas à cota, sendo esta mais marcante em junho, onde se registaram mais 28,2 milhões de euros face ao mês anterior, atingindo níveis próximos dos apurados em fevereiro de 2020.
Relativamente aos jogos de fortuna ou azar, o volume de apostas atingiu 2,3 mil milhões de euros, no 1.º semestre de 2020, valor 1,7 vezes superior ao registado no período homólogo anterior.
O crescimento mais expressivo ocorreu a partir de meados de março e com especial incidência no decorrer do mês de abril. A partir de maio, a tendência para o crescimento atenuou-se, observando-se no final do semestre o retorno a valores mais próximos daqueles que se registaram no período pré-pandemia. Esta evolução poderá ser explicada, parcialmente, não só pelo encerramento, a 14 de março, por força da Covid-19, de todos os casinos, (onde são explorados os jogos de fortuna ou azar de base territorial), tendo estes retomado a sua atividade a 1 de junho, mas eventualmente devida também à redução de oferta verificada nas apostas desportivas online nesse período.
Dos resultados observados concluiu-se que, tal como em outras atividades económicas, a situação de pandemia teve impacto na atividade dos jogos e apostas online, traduzindo-se em variações significativas e atípicas no volume de apostas realizado, contrariando as tendências normais de crescimento que vinham sendo observadas em período anterior. Contudo, a atividade continuou a funcionar, adaptando-se à nova realidade e mantendo um certo equilíbrio, no contexto das alterações do próprio mercado e do comportamento dos jogadores.
O mercado regulado nacional dos jogos e apostas online, apesar de recente e, por isso, pouco maduro, revelou-se capaz e apto, sem sobressaltos, a resistir e a adaptar-se num período de grandes mudanças, retomando, a partir de junho de 2020, uma progressiva e gradual atividade, voltando a padrões de jogo similares aos anteriores à doença Covid-19.