Num encontro promovido, esta terça-feira, pela Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), Miguel Frasquilho, chairman da TAP Portugal, falou aos convidados e à imprensa sobre aquilo que a companhia de bandeira nacional pode fazer para auxiliar a economia portuguesa e o Turismo.
Portugal, “hoje está nas bocas do mundo”. E isso deve-se sobretudo, a “uma alteração de mentalidades em Portugal” após a “crise profunda” de 2015. Esta visão de Miguel Frasquilho é mais evidente “no setor empresarial e, claro, no setor do turismo. Tínhamos que estar cada vez mais recetivos aquilo que vinha do exterior: não poderíamos continuar a criar riqueza só no mercado interno”, defende.
AHP prevê queda na taxa de ocupação da hotelaria
A abertura ao exterior parece ter dado frutos. Nos últimos cinco anos, o “número de hóspedes nos estabelecimentos hoteleiros aumentou”. Só em 2017, registaram-se “mais de 20 milhões, dos quais 13 milhões eram estrangeiros”. No entanto, Miguel Frasquilho chama a atenção para o facto de “ esta tendência” estar a “abrandar. É perfeitamente normal assim acontecer”, acrescenta.
Uma visão que é igualmente partilhada por Raul Martins, presidente da AHP. Segundo os dados do Hotel Monitor da AHP, a manter-se “o aumento da oferta hoteleira em Lisboa em cerca de 10% ao ano, e sem contar com o aumento de outras formas de alojamento, em 2019, a taxa de ocupação dos hotéis na região de Lisboa baixará para valores de cerca de 74% e, em 2020, para 67%”, altura em que terminam as obras no aeroporto da Portela.
As limitações atuais do aeroporto de Lisboa e o aumento da oferta na região poderão ser entraves à diminuição destes números. Segundo Raúl Martins, “o prolongamento da estada média, que, em Lisboa, não chega às duas noites, é seguramente uma das apostas que permitem equilibrar esta difícil equação”.
Voos entre Lisboa e Pequim em regime codeshare com a TAP
Para Miguel Frasquilho, o caminho é só um: “corresponder àquilo que a procura (os turistas) desejam. E eu acredito que isso vai acontecer”.
Numa visão a longo prazo, o chairman da transportadora nacional diz que, em 2030, “devemos ter sensivelmente o dobro daquilo que existia em 2010” em termos de “chegadas internacionais de turistas a nível mundial. Temos um imenso campo de manobra à nossa frente”, indica o gestor. O desafio que está em cima da mesa passa por “aproveitar” esta vaga e perceber “como devemos antecipar as tendências internacionais para conseguirmos estar na linha da frente. Temos de corrigir as nossas fragilidades: preparar o país, preparar o setor para as ameaças e para capitalizar as potencialidades” e “aproveitar as oportunidades que surjam.”
Apesar de, em 2018, ter sido atingido o marco dos 16 milhões de passageiros, o presidente do Conselho de Administração diz que o ano passado foi “particularmente difícil e exigente” para a companhia, cuja trajetória ficou marcada por “intervalo” com “muitos investimentos”. A TAP realizou “mais de mil contratações de trabalhadores qualificados” e, ainda “contratos coletivos de trabalho que tiveram um impacto grande em termos financeiros”. A juntar a isto, “a desvalorização do real, no Brasil” (um dos principais mercados “em termos de receita”), o “preço do combustível” ou as “compensações e indemnizações aos passageiros” devido a “problemas na pontualidade e cancelamentos” fizeram mossa nas contas da empresa.
No entanto, Miguel Frasquilho optou por chamar a atenção para os resultados positivos. “A TAP esteve no “vermelho” vários anos e regressou ao “verde” em 2017”, indica o gestor que classifica a trajetória de “médio e longo prazo” como “positiva” e “crescente”, com o objetivo de atingir o marco dos 20 milhões de passageiros em 2020.
Já sobre as operações da companhia, em 2018, os principais mercados emissores de turistas para Portugal, e que “estão a subir, são os Estados Unidos, Brasil e Espanha”.
O mercado chinês estava, em 2017, “à porta do TOP 10” dos mercados que mais gasta em Portugal. Contudo, após a suspensão da linha Hangzhou-Lisboa via Pequim por parte da Beijing Capital Airlines entre outubro e março, o resultado da vinda de turistas chineses para Portugal pode ter sido “condicionada. Até outubro de 2017, o número estava a evoluir favoravelmente. Segundo Miguel Frasquilho, a operação “não seria rentável”.
No entanto, segundo o gestor, a previsão é a de que “em fevereiro ou março”, se inicie uma nova ligação Lisboa-Pequim via Xian “em regime de codeshare”. Uma ligação que se junta a outros “quinze novos destinos continentais e intercontinentais. As perspetivas são de continuar a crescer nos mercados onde já estamos presentes”, sublinha.
Sobre o contributo da TAP para o país, Miguel Frasquilho acrescenta que a companhia “está absolutamente comprometida em prestar o melhor serviço possível aos passageiros”. Este comprometimento passa também pelo investimento na frota. “Fazer do país um hub global, aquilo que parecia um sonho há dez ou vinte anos, pode estar a caminho de se tornar uma realidade”, indica.
O papel da TAP não se esgota na operação aérea e o chairman da TAP defende que “a nossa ideia é ajudar o nosso país a afirmar-se como gateway mundial”. A transportadora portuguesa diz estar “na caminhada com a indústria hoteleira e parceiros do turismo. Sabemos que somos um interveniente importante, temos as parcerias e elas estão a consolidar-se. Temos a estratégia: a estratégia deve ser prosseguida”.
Uma estratégia que se reveste de importância para AHP. A associação considera a TAP como um “parceiro de referência para o incremento do turismo em Portugal”, indica Raul Martins. O responsável aponta a renovação da frota da transportadora aérea, com a entrada em operação dos novos aviões da TAP e os voos de longo curso, como um marco necessário e “estratégico” para conseguir este objetivo, sublinha.