Dar a conhecer o percurso dos profissionais que trabalham no setor das viagens e do turismo é o objetivo desta rubrica da Ambitur.pt Hoje conheça a carreira de Maria José Silva, CEO e fundadora da RAVT e ZENTravel.
Maria José Silva nasceu no Cartaxo, em maio de 1973. Mas recorda-se de ter passado a vida entre muitas cidades, em Portugal e lá por fora, como foi o caso da mudança da família para a Nazaré, intercalando com períodos passados na Suíça, estudos nas Caldas da Rainha, seguindo-se Oeiras, de onde saiu já casada. Do campo tem boas memórias na quinta dos avós, de comer pão caseiro feito pela avó e de a ajudar na inspeção aos coelhos, galinhas e porcos, e ainda nas horas de esborrachar tomates, arrancar laranjas diretamente da árvore para as saborear e de subir às figueiras, ou de dormir com as irmãs em tendas no meio da horta. Na Nazaré, assume ter memórias felizes de dias na praia, de festas à volta de fogueiras no areal, dos “teatros” da escola e das cegadas de Carnaval. E admite ter saudades das bolas de neve da Suíça e dos imensos passeios de bicicleta ao longo dos rios e vales, bem como do “respeito, civismo e da vida em comunidade bem interligada de forma positiva”. Nas Caldas da Rainha, recorda-se já de estar na área de sonho, o jornalismo e o turismo.
A profissional assume a sua paixão pelo turismo, área onde fez o seu bacharelato, no INP Lisboa, seguido de licenciatura em Turismo, Especialização em Informação Turística. Em Aveiro fez o Mestrado em Gestão e Desenvolvimento em Turismo, com o tema de especialização em Distribuição Turística e as redes, na Universidade de Aveiro. Por questões de necessidade profissional na docência em Turismo, esteve na 1ª edição de Doutoramento em Turismo na UA, com foco e tese em Liderança Estratégica em Turismo. E hoje, para finalizar os estudos, em Pós-Doutoramento em Turismo, focado na investigação em Crises: Desafios e Impactos na Cadeia de Valor do Turismo.
Como e quando iniciou a sua carreira no turismo?
Iniciei cedo a trabalhar no setor, com 16 anos tinha trabalhitos de verão em restauração e em Hotelaria de Charme de Montanha na Suíça. Daí em diante acumulei estudos em universidade com o trabalhos entre Suíça e Portugal. Aos 20 anos já trabalhava na Direção geral de Turismo (hoje Turismo de Portugal), departamento de Relações Públicas e Internacionais e em Hotelaria de luxo até acabar a licenciatura.
O que a apaixona no turismo/viagens e ainda hoje a faz continuar a querer estar nesta indústria?
A diversidade deste planeta, a riqueza natural e cultural, a ligação entre seres humanos de diferentes backgrounds, o poder sentir e proporcionar a realização de sonhos, experiências, emoções positivas que dão vida, cor, energia aos corpo, mente e alma.
A chegada à atual empresa deu-se quando e como?
Quando em 2005, por mútuo acordo, saí do Grupo GEA. Tive ideia de criar empresa de formação em Turismo. Esta demorou a estabilizar, a rentabilizar e tivemos que optar por abraçar mais vertentes de negócio correspondendo aos diversos pedidos e sugestões do mercado e de amigos, colegas de turismo, futuros clientes.
E qual tem sido o seu percurso dentro deste grupo/empresa até aos dias de hoje?
Desde 2005 que sou a Fundadora, CEO responsável não só pela gestão e estratégia da empresa, como da contratação, consultoria e formação. E todas as outras funções quando necessário como é apanágio de empresas pequenas.
Como define as suas funções dentro do grupo atualmente?
Mantenho as funções, embora com a venda do negócio o foco seja agora na atividade efetiva de Agência de Viagens de Nicho e Sustentável especializada no segmento de Mindful e Wellness. E ainda se mantêm as atividades de Consultoria e Formação em Turismo. Contudo, pessoalmente, em busca de novos desafios complementares que possam contribuir muito positivamente para o setor, capitalizar tanta experiência e tantas habilitações e formações.
Quais os momentos que a marcaram mais ao longo do seu percurso profissional – os mais positivos, que mais contribuíram para o seu progresso profissional; e os menos positivos, que mais dificultaram a sua tarefa?
+ Positivos: a entrada na aviação (TAP Air Portugal, nos anos de ouro) que era já uma base de formação advinda de ligações familiares, com paixão pelas aeronaves e a toda a industria conectada. Entrada que me permitiu ter acesso a imensas formações muito complexas que logo a seguir se tornaram raras ou extintas, permitindo-me um elevado background da indústria de aviação. Fui uma privilegiada (por mérito e sorte) nas formações que algumas são vitalícias e nas oportunidades de ser formadora internacional que me levou a viver uns tempos em Londres. Foi um período em que me senti na minha missão, a realizar um sonho. Tanto quanto a seguir senti o mesmo na missão da RAVT. Em ambos tive o privilégio de amar o que fazia e não considerar trabalho, mas mais hobby, paixão.
– positivos ou diria antes os mais difíceis: ter que fazer escolhas dando prioridade à família e ao amor, e largar essa realização profissional acima descrita, que me levou de Lisboa para o Norte. Não, não sou do Norte como a maioria pensa, sou moura como apelidam aqui. Vivendo desde 2001 constantemente entre Vila do Conde/ Porto para Aveiro, paragem no Oeste e seguindo para Lisboa.
A seguinte fase mais difícil é esta mesmo após ter que mais uma vez tomar decisões e fazer escolhas difíceis, que me levaram a abdicar do negócio de grupo de gestão da RAVT, de forma altruísta, sentindo-me agora meio à deriva e em busca de novos desafios.
Quais os principais desafios que profissionalmente tem pela frente este ano?
Encontrar novamente o rumo, a paixão ao setor, reorganizar a empresa, reorganizar a vida profissional e pessoal após 18 anos de Grupo de Gestão na Distribuição Turística, atividades mil associativas diversas, em anos muito complexos e intensos. E após a saída de casa do filhote para Universidade em Lisboa.