Com o objetivo de mostrar-lhe mais sobre os profissionais que trabalham no setor hoteleiro nacional, Ambitur.pt lançou esta rubrica, e hoje pode conhecer Hugo Gonçalves, general manager do Tivoli Marina de Vilamoura Resort, sem filtros.
Hugo nasceu em Oeiras, a 23 de abril de 1977, e passou a sua infância entre Lisboa e a zona Oeste. De Lisboa, afirma que as melhores memórias que guarda ainda hoje são os tempos passados com os avós em Campo de Ourique. Da zona Oeste, as férias de verão e os dias de praia de um adolescente, em que as ondas e o surf eram presença constante.
Formado em Direção Hoteleira pela Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra, foi nesta área que enveredou após quase 10 anos de experiência profissional em hotelaria. Hoje é diretor geral do Tivoli Marina Vilamoura desde 2017 e a mente por detrás de vários projetos responsáveis pelo crescimento desta propridade, como é o caso do Purobeach Vilamoura, o Centro de Congressos do Algarve e, mais recentemente, a enorme renovação que o hotel mereceu.
Como e quando iniciou a sua carreira no turismo/Hotelaria?
Comecei a minha carreira em hotelaria no Hotel Malhoa, nas Caldas da Rainha, como rececionista noturno. No entanto, o engraçado é que a minha carreira começou, meramente, por acaso. Na altura, estava a tirar Direito e um dia, perto do Natal, acho que foi dia 22 de dezembro, depois de um exame que não me correu nada bem, passei em frente a este hotel e estava um grupo de asiáticos a chegar, o me que fez ficar ali a observar a sua receção e inteiração por parte da pessoa que estava a recebê-los. Achei tanta piada que acabei por meter conversa com esse tal senhor, que me convidou a entrar e a beber um café com ele, enquanto me explicava alguns pontos de como seria trabalhar em hotelaria. Nem imaginava eu que tinha estado uma hora a falar com o diretor geral do hotel. E assim, por acaso, comecei a trabalhar dois dias depois, dia 24 de dezembro, como rececionista noturno. Faz este ano 25 anos, foi em 1998. Entretanto, este hotel foi adquirido pelo Grupo Cristal e, pouco depois, dá-se a renovação deste e de outros hotéis que o grupo já detinha. Ou seja, como foi uma altura de expansão e renovação interna, tive um crescimento natural dentro da empresa.
O que o apaixona no setor hoteleiro e ainda hoje o faz continuar a querer estar nesta indústria?
As pessoas. São e serão sempre as pessoas. Quer na vertente cliente, quer na vertente de equipa e dos meus colaboradores. Acredito muito nas relações humanas que se criam, sou um humanista e sou apaixonado pela hotelaria, exatamente, por isso. É um ramo de negócio de pessoas para pessoas. Aqui gerem-se emoções… Não é algo tão linear como outros ramos de negócio. O que tento fazer, todos os dias, é gerir as espectativas quer sejam dos clientes quer dos membros da minha equipa. Tento que não lhes falte nada, tento seguir a sua linha de pensamento e tento, sempre que possível, facultar-lhes as ferramentas e respostas que precisam para conseguirem ser bem sucedidos na estratégia que desenvolvi para o hotel, que é a satisfação do cliente, a divulgação da propriedade, a notoriedade de todos aqueles que trabalham aqui… Na realidade, o que me fascina é realmente esta gestão de pessoas, esta gestão de emoções. É a relação humana que me apaixona todos os dias.
A chegada ao atual grupo/hotel deu-se quando e como?
Cheguei em janeiro de 2017, para um projeto que era colocar um ícone da hotelaria, o Tivoli Marina Vilamoura, de volta à sua imponência, à sua notoriedade, trazer este hotel de volta aquilo que tinha sido e, principalmente, convencido de um dos pilares da marca Minor que é “As pessoas é que fazem as marcas”. Isso atraiu-me muito, para além das pessoas que conheci entretanto e que me fizeram vir para aqui. Ter um fundador que acredita que as pessoas são o mais importante, foi, sem dúvida, uma das coisas que me fez ingressar neste projeto.
E qual tem sido o seu percurso dentro deste grupo hoteleiro até aos dias de hoje?
Como diretor geral, tenho passado por variadíssimas fases de renovação dentro deste hotel, como a abertura do Purobeach Vilamoura e sua renovação, abertura do Centro de Congressos do Algarve, várias transformações a decorrer no resort e, nestes últimos meses, a grande renovação de todos os quartos, restaurantes, bares e zonas de lazer.
Como define as suas funções dentro do grupo atualmente? E que tipo de gestão procura fazer em termos de equipa?
Atualmente, uma das minhas principais funções é tentar participar ao máximo com ideias e contribuir para um crescimento saudável do grupo. Dentro do grupo Tivoli e dentro do grupo Minor. Tento sempre acrescentar valor com novos projetos, por exemplo, o Tivoli Talent Tour saiu desta mesa. E tento sempre contribuir para o crescimento humano e profissional dos meus colaboradores. Muitos dos atuais diretores de outros hotéis Tivoli passaram pelo Tivoli Marina Vilamoura. Como é que defino as minhas funções? Toda e qualquer contribuição que ajude ao crescimento do grupo e dos seus profissionais.
Tento fazer uma gestão o mais humana possível. E como? Apoiando projetos, apoiando o mais possível a decisão e crescimento daqueles que trabalham comigo. Acho muito importante a realização pessoal e profissional de cada um… Pensar na realização da equipa como um todo para atingir um objetivo comum.
Quais os momentos que o marcaram mais ao longo do seu percurso profissional – os mais positivos, que mais contribuíram para o seu progresso profissional; e os menos positivos, que mais dificultaram a sua tarefa?
Vou falar do meu percurso profissional desde o início. Sem dúvida que, um dos momentos que mais me marcou, foi a abertura do Marriott Praia D´el Rey, porque quando comecei a trabalhar ainda o edifício estava em construção e essa nova unidade veio desenvolver enormemente toda aquela zona, sobretudo o mercado do golfe e do surf. Foi uma grande aprendizagem.
O meu segundo momento mais marcante foi no Pine Cliffs Resort, onde integrei a equipa que fez a transformação do Sheraton Pine Cliffs para Pine Cliffs Hotel, a Luxury Collection Resort. Foi um projeto gigante, mas muito recompensador fazer o rebranding de todas aquelas unidades como, por exemplo, as Pine Cliffs Ocean Suites ou as Pine Cliffs Residence.
Marco também muito importante, foi fazer parte da equipa que idealizou e construiu o Centro de Congressos do Algarve, pois foi um dos maiores projetos concebidos para quebrar a sazonalidade que o Algarve tinha e que deu um enorme contributo para o crescimento económico da região.
Os momentos que mais dificultaram a minha tarefa, sem dúvida, que foram as diversas crises ao longo destes últimos anos mas, nada dificultou mais o meu trabalho do que a pandemia. Os anos de pandemia levaram a nossa profissão a ficar em stand-by porque ficámos completamente parados devido a todas as restrições de deslocação. As crises são pontos negativos, mas, por vezes, resultam num aumento da criatividade e fazem-nos desenvolver meios de nos reinventarmos e pensar em soluções de crescimento diferentes.
Um gestor tem que estar preparado para gerir um hotel em qualquer circunstância, além disso, a crise nunca me levou a deixar de fazer o que gostava, a pandemia sim.
Quais os principais desafios que profissionalmente tem pela frente este ano?
A reabertura de um hotel icónico depois de um período de dois meses de obras, durante o qual todos os quartos foram renovados, assim como todas as suas áreas públicas, passando pelas áreas de lazer, restaurantes e bares. Trazer de volta todo o glamour do Tivoli Marina Vilamoura é o meu grande desafio para este ano de 2023.