Trabalhar na hotelaria é uma paixão para aqueles que fazem deste setor uma profissão. É o caso de Patrícia Correia, diretora geral do Monte Santo Resort, no Algarve, há já cinco anos. Conheça mais uma carreira na hotelaria.
Patrícia Correia nasceu em Portimão, a 23 de janeiro de 1976, região onde passou a infância e onde se recorda do avô paterno e do seu carinho para com os netos. Lembra também com saudade os verões passados com a avó materna que, ao lado da sua máquina de costura Singer, lhe contava “as histórias mais bonitas que a sua criatividade lhe permitia contar e onde plantou em mim uma visão da vida em Paz e Amor”. Não tem dúvidas de que “são memórias felizes de uma família humilde mas de coração gigante”.
Pelo facto de quase toda a família estar a trabalhar no setor hoteleiro, Patrícia decidiu “fugir” à tradição e optou por estudar Informática de Gestão mas, admite, “a hotelaria é viciante e maravilhosa”. Posteriormente licenciou-se em Gestão Financeira e é também graduada em Gestão Hoteleira. Ambiciosa e com gosto em aprender sempre mais, decidiu experimentar as melhores universidades internacionais e assim fez o GMP na Cornell University, o Proficiency in Hotel Management na École Hotelier de Lausanne e o High Impact Leadership na Cambridge University. E garante que não ficará por aqui neste seu percurso, com o desejo de aprofundar sempre a sua formação académica.
Como e quando iniciou a sua carreira na Hotelaria?
Foi por acaso, um simples emprego de verão, para ganhar algum dinheiro. Tinha 17 anos, e comecei a trabalhar para ser um pouco mais independente, como tantos jovens faziam na altura. Mais tarde, continuei a trabalhar para ter dinheiro para a gasolina do carro que os meus pais tinham acabado de me comprar. E a partir dai, “é história”… nunca saí da Hotelaria.
O que a apaixona no setor hoteleiro e ainda hoje a faz continuar a querer estar nesta indústria?
Receber os nossos clientes, ser uma anfitriã. As pessoas, as suas vivências e evolução. A paixão por este dia-a-dia que por vezes é frenético, mas nunca é igual. As histórias de superação que vamos tendo o privilégio de viver enquanto equipas. O ultrapassar de desafios que muitos não acreditam ser possíveis, mas que afinal, vão sendo.
A chegada ao atual hotel deu-se quando e como?
O Monte Santo Resort é a minha casa há cinco anos, após uma passagem pela hotelaria escocesa. A administração do fundo proprietário do Monte Santo contratou-me para liderar este projeto em 2018, quando regressei das “highlands” e desde aí que sou feliz neste sítio maravilhoso, com uma equipa excelente, que todos os dias dá o seu melhor para recebermos os nossos clientes com muito Amor. Entretanto, em dezembro de 2022, na maior operação imobiliária do ano, a grande maioria dos ativos do fundo foram vendidos a um novo player do mercado – a HighGate Portugal.
E qual tem sido o seu percurso dentro deste grupo hoteleiro até aos dias de hoje?
Durante os cinco anos em que trabalhei com a administração do fundo que agora vendeu os ativos, fui feliz, respeitada, ouvida, tida em consideração (sempre) e trabalhei com profissionais que me ajudaram a ser a melhor versão de mim, todos os dias. A relação era de aprendizagem, de partilha, de evolução constante e sempre em grande respeito. Há muita gratidão em mim para com os administradores que agora saíram e isso é motivante. Acredito que estes grandes grupos económicos têm na liderança pessoas humanas que, tal como eu, só querem o melhor para as suas equipas, a sua evolução e prosperidade. Acredito também, até porque após um mês de HighGate Portugal, também já reconheci nos novos líderes as vertentes de respeito, de evolução e de partilha a que estava (bem) habituada. Por isso, acredito que este vai continuar a ser o tónus da energia laboral, quer no Monte Santo Resort, quer na HighGate Portugal.
Como define as suas funções dentro do grupo atualmente? E que tipo de gestão procura fazer em termos de equipa?
Sou diretora geral do Resort e o meu tipo de gestão é simples, aprendi assim com as grandes referências que tenho e nas universidades onde estudei. É uma gestão mais macro, em que confio nos profissionais que comigo trabalham e que sabem das suas áreas individuais, delegando responsabilidades por toda a equipa de gestão, mas estando sempre presente por forma a ajudar, a conduzir a equipa ao sucesso, aos nossos resultados. Como se de uma família se tratasse, mas uma família com uma mãe galinha que cuida de todos.
Quais os momentos que a marcaram mais ao longo do seu percurso profissional – os mais positivos, que mais contribuíram para o seu progresso profissional; e os menos positivos, que mais dificultaram a sua tarefa?
Dos mais positivos, claro que a minha entrada no Monte Santo Resort é para mim marcante, porque há cinco anos não tinha a equipa unida que tenho hoje, apesar de trabalhar com (quase) as mesmas pessoas. Na altura eram apenas pessoas que trabalhavam sob um mesmo teto, mas hoje são amigos e acima de tudo são colegas que se protegem e se ajudam mutuamente, para o bem coletivo. E isso é um ponto muito a favor da “mãe galinha”.
Os menos positivos, decididamente, o meu percurso pela Escócia, em que muito aprendi, mas onde percebi perfeitamente que o nosso “saber receber” é também uma questão cultural, que também se aprende, claro, mas que nos portugueses, é quase inato. Foram muitas as experiências simpáticas para contar à data de hoje mas na época, difíceis de viver. Imaginem uma profissional, como eu, que ama a vida, ama viver em alegria, que é hoteleira por ser a “indústria da paz e da felicidade” e descobre que um dos “core businesses” dos seus dois hotéis na Escócia, é precisamente fazer funerais. E que ainda por cima, eram altamente lucrativos! Hoje é engraçado de falar sobre isso, mas o desconforto sentido por mim quando via o carro funerário a chegar ao hotel, era enorme.
Quais os principais desafios que profissionalmente tem pela frente este ano?
Como todos os meus colegas, as pessoas, o recrutamento. Há como que um desencanto na hotelaria e isso é algo que todos nós, profissionais do ramo, temos que contrariar. Temos que estar com os mais novos e mostrar que ser hoteleiro ainda tem algum glamour e elegância e é acima de tudo, um modo de vida incrível!