Ambitur.pt prossegue com a sua rubrica dedicada à hotelaria e a quem faz desta área a sua carreira. Hoje estamos com Sérgio Leandro, Senior Vice President Operations da Highgate Portugal.
Sérgio Leandro nasceu em Faro, em 1980. Da infância, recorda-se de momentos passados entre Portugal e vários países europeus. Mas garante ter “excelentes memórias” destes tempos de criança, principalmente dos momentos em família, em saúde e a fazer “as coisas mais simples da vida”.
Formado em gestão de Turismo e Hotelaria, e com um mestrado em Gestão Internacional de Hotelaria, Sérgio acredita que foi este setor “que me chamou a mim, e não ao contrário”…
Como e quando iniciou a sua carreira na Hotelaria – quais os primeiros passos?
Creio que os meus primeiros passos na Hotelaria foram dados ainda na barriga da minha mãe, pois tanto ela como o meu pai eram e continuam a ser hoteleiros com H grande. A minha primeira experiência de estar ao serviço de outros foi quando tinha oito anos e ajudei a tirar e servir cafés numa pastelaria perto de onde morava com a minha família.
O que o apaixona no setor hoteleiro e ainda hoje o faz continuar a querer estar nesta indústria?
Ter a plena convicção que o nosso setor tem valências que nenhum outro oferece. Especificamente, o facto de sermos totalmente acessíveis para qualquer pessoa que queira iniciar uma carreira, sendo o único requisito ter uma boa atitude e gostar de trabalhar em equipa, e podendo perfeitamente almejar chegar ao topo da organização se tal for a sua aspiração. Encanta-me saber que diariamente, temos inúmeras oportunidades de contribuir positivamente para as vidas de quem escolhe partilhar alguns momentos nos hotéis onde estamos, e que através do nosso contributo podemos ajudar para que se criem memórias insubstituíveis. Na verdade, penso que hotelaria é muito mais do que apenas fazer camas, servir comida e bebida: é tomarmos conta de outros e contribuir para que tenham um dia melhor do que o esperado – e este é um propósito muito nobre. Gosto de saber que, enquanto setor, geramos um impacto significativo nas comunidades onde operamos, seja através da criação de emprego, seja através do contributo comunitário que todos os hotéis têm a responsabilidade de fazer. Por último, aprendi a gostar de saber que nenhum dia em hotelaria é igual ao anterior e isso leva-nos constantemente a procurar novas soluções e maneiras de estar, o que para mim propicia crescimento pessoal.
A chegada ao atual grupo deu-se quando e como?
A minha chegada à Highgate deu-se no final de dezembro de 2022, depois de ter vivido e desenvolvido carreira feliz de 10 anos no estrangeiro. Confesso que tenho tido a sorte de ser convidado para vários outros projetos, e desta feita senti uma afinidade imediata com o potencial enorme que este tinha para acrescentar valor ao panorama nacional e económico do nosso setor. À medida que fui conhecendo as pessoas que estariam envolvidas no projeto, mais certezas ganhei que éramos um bom “fit”, e como o meu objetivo era sempre um dia regressar à pátria, criou-se um bom alinhamento.
E qual tem sido o seu percurso dentro deste grupo hoteleiro até aos dias de hoje?
Desde o início do ano, o percurso tem sido extraordinariamente recompensador. O projeto tem sido bem recebido, temos desenvolvido muitas novas iniciativas, desafiado o “status quo” e paralelamente gerido o dia a dia de um grupo de hotéis com quase 3.000 quartos, vários campos de golfe, 11 spas, três dos maiores centros de congressos do País; mas o que mais tem feito a diferença no meu percurso tem sido o incrível potencial que tenho percecionado nas nossas Equipas, o que nos tem permitido “sonhar acordados” ao escrever os ambiciosos planos que serão brevemente partilhados publicamente.
Como define as suas funções dentro do grupo atualmente? E que tipo de gestão procura fazer em termos de equipa?
Para além do meu trabalho como parte da administração executiva onde trabalho diretamente com o nosso CEO e os colegas executivos para desenvolver visão, estratégia e programas de apoio para as nossas unidades, tenho a responsabilidade de coordenar o trabalho dos nossos excelentes diretores gerais dos hotéis e campos de golfe. Procuro sempre exercer um tipo de gestão holística que prima pela transparência, frontalidade empática, com um enfoque em processos mais do que resultados, e onde tento sempre otimizar os talentos e potencial “escondidos” de quem comigo trabalha.
Quais os momentos que o marcaram mais ao longo do seu percurso profissional – os mais positivos, que mais contribuíram para o seu progresso profissional; e os menos positivos, que mais dificultaram a sua tarefa?
Tenho tido a oportunidade, ao longo dos meus mais de 20 anos de carreira, de trabalhar em vários países, conviver e trabalhar com pessoas muito diversas, de diferentes estratos sociais, culturas, religiões, afinidades políticas, etnias, géneros, e “só” isso tem sido uma enorme benesse para poder criar e manter uma perspetiva larga e otimista, sem a qual não conseguiria fazer o que faço hoje. O facto de ter tido bons exemplos em casa nos meus anos mais formativos, sem dúvida que me moldou de forma a sempre respeitar o próximo, ter disciplina mais do que motivação, e acreditar que as coisas “pequenas” nunca o são na realidade- valores e princípios que tento incutir nos meus filhos e seio familiar, que muito prezo.
Tive pessoas ao longo da minha carreira que arriscaram em mim, e que viram potencial em mim quando eu não o via ao espelho, e isso marcou e definiu-me muito. Os 14 anos que tive no Pine Cliffs no Algarve, onde entrei como estagiário e sai como subdiretor das quatro unidades do complexo, foram repletos de momentos inesquecíveis; como também foi o meu primeiro posto como diretor geral em Londres.
Todos os (muitos) momentos desafiantes, complexos, negativos, difíceis foram igualmente importantes no percurso que tenho feito. Têm sido professores de igual ou maior importância que todos os (muitos) momentos positivos e vitórias que tive. Ainda bem que me cruzei com pessoas que tiveram posturas e atitudes que me marcaram pela negativa!
Acredito que a única condição que nos pode dificultar a “tarefa” em mãos, é a atitude que escolhemos “vestir” naquele momento- tudo o resto, por difícil que seja, consegue-se com dedicação, curiosidade, humildade e rodeado sempre de pessoas que nos querem bem e nos compreendem.
Por último, escolho acreditar que os momentos mais positivos do meu percurso profissional estão sempre ainda para vir!
Quais os principais desafios que profissionalmente tem pela frente este ano?
A tarefa gigantesca de construir duas grandes Pontes. A primeira que liga a Highgate EUA à nossa cultura, costumes e regimes nacionais, por forma a se conseguir o melhor dos dois mundos. A segunda que liga a realidade que hoje temos nas nossas 20 unidades e uma nova realidade onde temos novas marcas, substanciais investimentos e melhorias nas infraestruturas, e acima de tudo um novo mindset de liderança e otimização de potencial.
Simultaneamente, tomar todo o partido possível da plataforma e escala que hoje temos em Portugal, para fazer o que estiver ao nosso alcance para minorar desafios conjeturais que afetam o nosso setor transversalmente, e sempre com uma postura e atitude otimista e de firme acreditar no potencial enorme que o nosso Pais ainda tem para aflorar.