A Altice Arena, a maior sala de eventos do país, registou no ano que agora terminou o seu melhor ano de sempre, ultrapassando assim 2019. Os recordes foram batidos tanto a nível do número de eventos como do volume de receitas, isto depois de dois anos de Covid-19 que colocaram um travão à realização de espetáculos de entretenimento e de eventos corporativos. É o que indica Jorge Vinha da Silva, presidente executivo da Arena Atlântico, que esclarece, no entanto, que nem neste período pandémico a empresa registou prejuízos. Tal facto deve-se, por um lado, à capacidade dos acionistas e, por outro, ao consumo de recursos internos.
Por outro lado, o próprio país encontra-se numa posição de maior força a nível dos eventos, com Lisboa a figurar, por exemplo, no segundo lugar do ranking europeu da ICCA, sendo apenas suplantada por Paris. Já Portugal posiciona-se no TOP 10 desta associação, com a procura a sentir-se sobretudo da Europa do Norte e do Centro, bem como dos EUA, sublinha o gestor. E a verdade é que, com esta evolução, também outras cidades portuguesas começam a ter visibilidade, e Jorge Vinha da Silva garante que destinos como Porto, Braga, Coimbra ou o Algarve estão mais apelativos, oferecendo já outras centralidades que beneficiam a captação de eventos para o país.
Na Altice Arena, 2022 foi já de superação e de muita procura, isto apesar de os dois meses iniciais terem sido tranquilos. E a equipa deste espaço não esteve de braços cruzados, trazendo para o ano passado eventos que não puderam concretizar-se nos anos anteriores. Os meses de verão foram especialmente animados, destacando-se agosto, e o último quadrimestre muito forte, revela o gestor, admitindo que chegaram a recusar alguns eventos por não haver agenda.
No final de setembro de 2022, as receitas da Altice Arena situavam-se nos 13 milhões de euros, aproximando-se já dos 15,8 milhões de euros faturados em 2019. Os números finais, que ainda não estão totalmente fechados, deverão ultrapassar o ano anterior, situando-se nos 16 milhões de euros, com o EBITDA a superar os seis milhões de euros. Recorde-se que, no final de setembro a margem de EBITDA estava já 15 pontos percentuais acima de 2019, situando-se nos 48%.
Resultados que traduzem bem o número de eventos e de pessoas que passaram, em 2022, pela sala de espetáculos de Lisboa. Se no ano antes da pandemia este valor se aproximou dos 150 eventos, Jorge Vinha da Silva adianta que no ano passado terão sido mais de um milhão de pessoas a estar no Altice Arena, com a particularidade de que, em 2022, os eventos se estenderam por mais dias.
Sem dúvida que os concertos são sempre a área mais mediática deste negócio mas o CEO da Arena Atlântico garante que a proporção entre eventos e concertos é de 50%-50%, uma paridade que é visível na receita e no número de eventos.
Para 2023, o gestor mostra-se mais cauteloso, apesar de otimista no que se refere à atividade. Fatores como a guerra na Ucrânia, a inflação ou a questão energética contribuem para um ambiente de segurança, sem dúvida, o que significa que a pressão do negócio será superior este ano. Mas Jorge Vinha da Silva acredita que se estes fatores externos não condicionarem em excesso a atividade, 2023 poderá ser semelhante a 2022.
*Este artigo foi publicado na edição 342 da Ambitur.