Como posicionar um território de 2.218 Km2, com 10 concelhos, 231 mil residentes, 445 Km2 de área total protegida e 36 km de costa atlântica como um dos destinos mais sustentáveis de Portugal é o que o Plano de Ação para a Promoção do Turismo Sustentável do Alto Minho 2021-27, da Comunidade Intermunicipal do Alto Minho (CIM Alto Minho), procura responder. Inserido no projeto “Mobilização e Especialização Estratégica – Alto Minho 2030 – Planear para Intervir”, cofinanciado pelo Programa Operacional Regional do Norte, cujo objetivo é fomentar o empreendedorismo, a inovação, a criatividade, a competitividade e o desenvolvimento económico e turístico deste território, este Plano de Ação visa definir a estratégia de comunicação do destino para dar a conhecer ao mercado turístico a sua oferta e a sua dinâmica de sustentabilidade. No fundo, funcionará como documento de orientação para a atuação do destino com o horizonte de 2027, definindo o posicionamento estratégico que o Alto Minho deve comunicar, os mercados e segmentos para os quais deve focar a sua atuação, os ativos turísticos que deve potenciar e as ferramentas online e offline que deve operacionalizar para divulgar o território.
Um território, muitos ativos turísticos
Importa, pois, conhecer melhor este território, que fica a cerca de uma hora do aeroporto do Porto e a 30 minutos de Vigo, e que conta com três dos cinco concelhos que integram o Parque Nacional da Peneda-Gerês.
Quais são então os principais ativos turísticos desta região? O Parque Nacional da Peneda-Gerês, com os seus 70 mil hectares, é, sem dúvida, um dos principais. Trata-se da primeira área protegida em Portugal e uma Reserva Mundial da Bioesfera, assim classificada pela UNESCO. E é um dos elementos mais diferenciadores do Alto Minho já que o território possui três dos cinco concelhos que o integram, detendo, cada um, uma porta de entrada no parque: Porta do Mezio – Arcos de Valdevez; Porta do Lindoso – Ponte da Barca; e Porta de Lamas de Mouro – Melgaço. Neste Parque, a história é visível nas várias brandas e inverneiras, como a Branda da Aveleira, em Melgaço, ou a Branda de Bilhares, em Ponte de Barca; mas também se respira através do Castelo de Castro Laboreiro, em Melgaço, ou no Santuário de Nossa Senhora da Peneda em Arcos de Valdevez. Além dos vestígios históricos, é a natureza que domina, e o parque é ideal para a prática de diversas atividades, como os percursos pedestres. Aliás, uma das principais atrações é a Grande Rota da Peneda-Gerês que se distribui por 19 etapas ao longo de 190 km.
Outro grande ativo é a diversidade de recursos hídricos deste destino que é delimitado, no litoral, pelo Oceano
Atlântico, que banha os concelhos de Viana do Castelo e Caminha. Torna-se, pois, ideal para a prática de várias atividades náuticas como o surf, o windsurf, o kitesurf, o jet ski e a pesca desportiva de mar. Com 36 km de costa, o litoral do Alto Minho conta com 15 praias com bandeira azul e cinco com acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida. Destaque ainda para o Geoparque Litoral de Viana do Castelo que, num total de 4800 hectares, oferece 36 geossítios, e para a Estação Náutica do Alto Minho. Por outro lado, a região dispõe ainda, a nível de recursos hídricos, os rios Minho e Lima, que também possibilitam uma série de atividades como stand up paddle, passeios de barco, canoagem e remo, rafting e pesca desportiva.
Da água passamos para o vinho, mais concretamente o vinho verde, um elemento diferenciador do Alto Minho que é reconhecido mundialmente pela sua produção. Este é o segundo vinho mais exportado em Portugal, a seguir ao vinho do Porto, e tem como castas mais conhecidas o Alvarinho, o Loureiro e o Vinhão. Além disso, é o mote para vários eventos que se realizam na região e que atraem cada vez mais turistas.
E para acompanhar os vinhos verdes destaque para a gastronomia tradicional mas com um toque de inovação, um ativo importante neste território, muito influenciada pelo Oceano Atlântico e pelos rios, bem como pela fauna e flora. Para saber mais aconselhamos uma leitura do primeiro referencial gastronómico do Minho elaborado no âmbito do Consórcio Minho Inovação, liderado pelas três comunidades intermunicipais do Minho (Alto Minho, Cávado e Ave), disponível no site do Minho IN em http://www.minhoin.com/.
Outro ativo a não perder é a herança cultural do Alto Minho, que conta com 54 monumentos nacionais classificados, sendo uma das regiões a nível nacional com maior número de monumentos nacionais. O visitante pode ainda contactar com a história da região e das suas gentes nas diversas aldeias que se espalham pelo território, onde a tradição se junta com a inovação através da disponibilização de pequenos centros cycling & walking, para dar apoio àqueles que exploram a região a pé ou de bicicleta.
Ao nível do projeto “Alto Minho 4D – Viagem no Tempo”, dinamizado pela CIM Alto Minho, foram desenvolvidas 10 rotas temáticas relacionadas com a História de Portugal e história de arte. São elas: a Rota da Arte Rupestre e do Megalitismo, a Rota dos Castros, a Rota do Romano, a Rota do Românico ao Gótico, a Rota dos Mosteiros, a Rota dos Descobrimentos, a Rota dos Castelos e Fortalezas, a Rota do Barroco, a Rota da Arquitetura Tradicional e a Rota do Moderno ao Contemporâneo, que levam até si a memória da história.
Tempo ainda para destacar o património religioso, desde igrejas a mosteiros, conventos e santuários ou festas religiosas, como as romarias e procissões. Uma das maiores romarias de Portugal é a Romaria de Nossa Senhora da Agonia que merece destaque e que, ao longo dos seus cinco dias de festa, leva a Viana do Castelo cerca de 1,25 milhões de pessoas.
Por fim, o Alto Minho tem na cultura mais um ativo turístico. A nível musical, são vários os festivais que são hoje referências nacionais e internacionais, como é o caso do Festival Paredes de Coura, que conta já com 25 edições e que se realiza em agosto, na Praia Fluvial do Tabuão. Outro evento a não perder é o Festival de Vilar de Mouros, em Caminha, o terceiro festival de música mais antigo do mundo em atividade e que soma já a 57ª edição. No que se refere à arte, de salientar a Bienal Internacional de Arte de Vila Nova de Cerveira, que acontece desde 1978, ou ainda o Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima.
São, pois, muitos os interesses que chamam ao Alto Minho milhares de visitantes todos os anos e que são uma base sólida para que este se torne um dos destinos turísticos mais sustentáveis de Portugal. A estes ativos soma-se um conjunto de tendências globais que também podem impactar o turismo da região, nomeadamente a procura por destinos sustentáveis e por atividades que permitam um maior contacto com as comunidades locais, bem como a busca por destinos que proporcionem experiências vínicas e por destinos de natureza que permitam “parar o ritmo” urbano.
Como promover e posicionar o destino?
E se não faltam motivos para que o Alto Minho se torne, de facto, um dos destinos turísticos mais sustentáveis de Portugal, falta agora saber como promover e posicionar o território para que isso aconteça.
Em primeiro lugar, segundo o Plano de Ação para a Promoção do Turismo Sustentável do Alto Minho 2021-27, o Alto Minho deverá ser uma referência em matéria de sustentabilidade, e os recursos existentes, os atuais indicadores e os projetos desenvolvidos fundamentam este posicionamento. Por outro lado, há que capitalizar a hospitalidade da região, potenciando o envolvimento das pessoas e das tradições na experiência do visitante, além de garantir a monitorização da satisfação dos residentes com a atividade turística. Em terceiro lugar, o Alto Minho deve posicionar-se como um destino de natureza de referência a nível nacional, beneficiando de um valioso património natural que deve ser potenciado, quer numa vertente de turismo ativo (desportos), quer passivo (relaxamento). Por fim, e segundo o Plano de Ação, o Alto Minho deve fortalecer a sua presença digital através de ferramentas próprias, criando conteúdo atrativo, interagindo com os utilizadores e investindo em publicidade online segmentada para públicos-alvo.