O 31º aniversário da Ambitur serviu de mote para sabermos qual a visão dos Conselheiros Ambitur sobre o futuro do turismo nacional, neste momento que muitos consideram ser de viragem da confiança do consumidor. Para se ter uma perspetiva ainda mais abrangente do que se pode passar nos próximos temos no negócio turístico nacional, acrescentámos ainda a posição institucional da secretaria de Estado do Turismo e do Turismo de Portugal, assim como a análise da nova equipa de gestão da TAP. Fica aqui o testemunho de Francisco Pita, CCO da ANA – Aeroportos de Portugal.
Após décadas de crescimento extraordinário o turismo e a aviação foram totalmente paralisados pela pandemia. O desenvolvimento de novas rotas aéreas, que foi determinante para alavancar a atividade turística em Portugal entre 2014 e 2019, foi drasticamente afetado com reduções significativas do número de mercados servidos.
Um destino turístico com as características de Portugal depende do turismo internacional. O turismo internacional, por sua vez, depende estruturalmente do transporte aéreo. Em Lisboa, 95% das chegadas de turistas são feitas por via aérea. Mesmo a nível europeu, Portugal, é um destino periférico, o que o torna dependente do transporte aéreo. É uma realidade diferente da que ocorre em outras cidades europeias com uma distância média em relação às principais cidades da União europeia muito inferior a Lisboa.
É necessário retomar a recuperação da conectividade aérea que será essencial para a diversificação de mercados, o que certamente acontecerá agora num quadro de grande concorrência com outros destinos turísticos.
A par da necessidade de diversificação, temos o desafio da capacidade. Em 2019, antes da pandemia, a capacidade do Aeroporto de Lisboa estava praticamente esgotada, limitando o crescimento do tráfego e o colocando um forte travão ao desenvolvimento turístico. Será por isso fundamental considerar o reforço da capacidade aeroportuária na região de Lisboa.
A existência de capacidade aeroportuária é, e será, um elemento fundamental para o desenvolvimento, constituindo-se como uma garantia de acesso ao valor que a aviação e o turismo aportam à economia e à sociedade ao nível global, ainda que, atualmente, num quadro de desafios ambientais mais exigentes.
O sector da aviação tem uma grande tradição de pioneirismo, inovação e desenvolvimento tecnológico que, ao longo de décadas, lhe tem permitido encontrar soluções para vários desafios, os ambientais não serão uma exceção. A aplicação da inovação e da tecnologia, que está no ADN da aviação, e que a VINCI Airports segue na gestão das suas infraestruturas, permitirá responder aos desafios ambientais, o que será determinante para garantir crescimento sustentável e assim continuar a garantir o acesso aos indiscutíveis benefícios da mobilidade aérea em prol do desenvolvimento das regiões.
A este propósito, saliente-se a, recentemente anunciada, colaboração da VINCI Airports com a Airbus, Air Liquide e Dassault Aviation para desenvolver a utilização de hidrogénio nos aeroportos e criar a rede de aeroportos europeus capaz de acomodar as futuras aeronaves a hidrogénio. O aeroporto de Lyon-Saint Exupéry irá acolher as primeiras instalações em 2023, como aeroporto piloto.
O ponto de partida para a recuperação do turismo passa, inevitavelmente, por recuperar a conectividade aérea, perdida durante a pandemia, e criar condições que permitam acomodar o crescimento esperado do transporte aéreo nos próximos anos de forma ambientalmente sustentável.