Ambitur volta a abordar os seus Conselheiros numa tentativa de perceber qual o atual momento do setor do turismo em Portugal e o que podemos esperar deste ano e de uma retoma iminente. Cristina Siza Vieira, vice-presidente executiva da AHP – Associação da Hotelaria de Portugal, deixa-nos a sua visão enquanto Conselheira Ambitur.
2022 e os seus primeiros indicadores permitem indiciar uma retoma turística sustentada para breve? Que espécie de retoma considera que se vai verificar? Quais as condicionantes que poderão acelerar a mesma?
Ora bem, até à passada semana prevíamos que a retoma se iniciasse já em março, com a Páscoa a ser um momento muito importante. Pela procura por Portugal a que vamos assistindo, e o levantamento total das restrições que a COVID impôs, acreditamos que no verão já tenhamos resultados próximos de 2019. Todavia, temos agora um elemento novo, depois da pandemia, que é a guerra na Ucrânia que, à partida, sabemos que poderá trazer consequências para o Turismo. Mas ainda não sabemos que impacto exatamente.
[blockquote style=”1″]temos agora um elemento novo, depois da pandemia, que é a guerra na Ucrânia que, à partida, sabemos que poderá trazer consequências para o Turismo. Mas ainda não sabemos que impacto exatamente.[/blockquote]
Recursos humanos e aumento de custos de contexto serão os principais problemas no setor para 2022? Que novos desafios se antecipam ou que outros que se podem acentuar?
A par desses problemas já identificados, no momento presente a guerra na Ucrânia é uma nova incógnita com a qual não estávamos a contar e que vai trazer grandes impactos à economia mundial, europeia e, consequentemente, à de Portugal.
Para já, sabemos que esta guerra levará a um crescimento ainda maior da inflação, bem como, do ponto de vista estritamente turístico, a uma possível maior dificuldade no imediato nas ligações aéreas entre a Europa, a Ásia e as Américas.
Numa altura de mudança de ciclo político, é necessário um novo fôlego para uma estratégia de turismo para o país? Ou apenas limar o trabalho que tem sido feito ao nível institucional e privado?
O turismo tem uma estratégia que está a ser implementada e cumprida, apesar das adversidades. Tem havido um grande trabalho conjunto entre os organismos oficiais e o setor privado que estou em crer permitirá continuar a afirmação de Portugal como destino turístico ímpar e com cada vez maior peso a nível internacional. É certo, ainda assim, que há decisões estratégicas que têm de ser tomadas, de que é exemplo a relativa ao novo aeroporto para a região de Lisboa.
[blockquote style=”1″]Tem havido um grande trabalho conjunto entre os organismos oficiais e o setor privado que estou em crer permitirá continuar a afirmação de Portugal como destino turístico ímpar e com cada vez maior peso a nível internacional.[/blockquote]
Como é possível trazermos uma maior inovação e mais sustentabilidade à atividade turística nacional?
É preciso garantir e reforçar os apoios aos privados. A pandemia afetou, em grande escala, a tesouraria das empresas turísticas, pelo que sem apoios não será possível inovar.
É essencial ter mais informação sobre o apoio ao investimento já para os anos 2022/23, no âmbito do PRR (e depois do PT 2030).
Quanto ao PRR, foram reportados os Eixos Macro de Investimento e Dotações, mas falta uma definição mais operacional e calendarizada, e a concretização tangível em vários temas e subtemas essenciais para as Empresas. Por isso, a medida a tomar será definir calendarização concreta, critérios, tipologias, % de financiamento, % de apoio, necessidades técnicas, dotação por entidade/projeto, etc., para implementação, para já, do PRR, depois do PT 2030, nas áreas com maior elegibilidade para o Turismo/Hotelaria (que não são diretamente contemplados no PRR, como sabemos) e investimento ou requalificação de ativos com vista, designadamente, à concretização dos eixos relacionados com Sustentabilidade, Eficiência Energética e Digitalização.