“Oportunidade” é a palavra que melhor se enquadra no atual momento em que o ensino vive. À Ambitur.pt, a diretora do Departamento de Turismo, Património e Cultura da Universidade Portucalense (DTPC), Isabel Vaz Freitas, considera que é tempo de “olhar o ensino superior e a relação com o estudante de forma diferente”. A ligação à distância vai trazer “outros métodos” e uma “maior ligação às novas tecnologias”, afirma a docente, acreditando que estas serão “determinantes na ação futura das universidades e das suas formas de dialogar com a sua comunidade e com as sociedades”.
Não restam dúvidas de que o futuro será mais digital mas Isabel Freitas atenta que o “recurso usual a meios e a metodologias”, que já são conhecidas, “ainda estão um pouco afastadas de algumas gerações de professores menos tecnológicas”. Esta é uma realidade: “A obrigatoriedade que vivemos, de nos ligarmos, professores e estudantes, por meios digitais, acelerou todo esse processo e permitiu uma adaptação forçada das gerações menos jovens”, refere. Neste panorama, cabe às instituições de ensino superior, às empresas, aos organismos públicos e privados, “manter as estruturas digitais, criadas em tempo de crise, e acelerar todo o processo do futuro”, acrescenta a docente.
Em contexto económico, a digitalização poderá ser uma oportunidade se se partir do pressuposto que estas alterações permitirão “uma maior aproximação ao cliente, o uso de instrumentos mais competitivos, a criação de soluções adaptadas ao cliente, mais personalizadas e uma maior capacidade de resposta” por parte das empresas. Acreditando que o futuro passa pela digitalização, a docente reforça que “as universidades, empresas e outros organismos terão de se adaptar e avançar nos novos tempos”.
“É tempo de aproximar as empresas à universidade e à inovação”
Mas que trarão os “novos tempos”? Para a docente, os currículos académicos terão uma “nova forma de pensar” para se adequarem aos “novos ambientes profissionais”. No setor do turismo, a digitalização e o uso do de novas tecnologias orientarão os gestores para “práticas diferenciadoras de gerir a relação com o cliente”. Nesta “nova filosofia”, Isabel Freitas acredita que as diferentes unidades curriculares têm de “explorar novas práticas”, capazes de “treinar os estudantes” para as respostas que terão de dar perante os “novos tempos” e as “diferentes exigências” da sociedade.
Neste cenário de pandemia em que a economia enfrenta mudanças, a docente atenta que “já não será possível voltar, tout court, às mesmas práticas” e que é tempo de aproximar as empresas da universidade e da inovação: “As práticas, os saberes que têm sido desenvolvidas na investigação universitária mais inovadora e mais voltada para o futuro, serão um excelente contributo para pensar este mundo que dará, nos tempos mais próximos, um passo em frente”, refere. Neste relacionamento entre todos os atores, surgirá um currículo voltado para a “investigação” e para as “novas práticas” com “conhecimento absoluto das novas realidades com que trabalha”, acredita a docente.
Isabel Freitas afirma que o atual contexto deve ser aproveitado para “apostar na formação e na adequação à nova realidade” que se avizinha. E o turismo e outras atividades culturais e económicas já têm despertado para novas realidades: “A mudança está a operar-se rapidamente”, diz a responsável. Para a professora da Universidade Portucalense, este é o momento para o turismo reforçar em áreas como a “comunicação, marketing, qualidade de serviços” assente em sustentabilidade e inovação digital. Mas é tempo de mostrar, através de meios com maior alcance, a “diversidade dos lugares, o que os torna atrativos e desejados”, acrescenta.
E é justamente na “formação de altos quadros” que a mudança se poderá “operacionalizar de forma mais efetiva, mais imediata e mais inovadora”, acredita a docente, realçando que a mudança comportamental das organizações passa pela “abertura” e pela “flexibilidade” da sua gestão à inovação. Assim, uma “atitude aberta à nova realidade” por parte dos quadros superiores é “fundamental para encontrar novas formas de trabalho e abrir espaço a uma nova empregabilidade”. No entanto, Isabel Freitas atenta que a formação nos “quadros intermédios” não pode tardar: “Temos que trabalhar para a formação de todos os quadros da atividade turística”, remata.