Perceber se os primeiros três meses de 2023, que apresentam já números recorde a vários níveis, também estão a ser igualmente positivos para as empresas foi um dos temas do painel “Caminhos para o Futuro do Turismo Interno” do 9º Fórum Turismo Interno – Vê Portugal, na Covilhã, que contou ainda com a presença de Pedro Costa Ferreira, presidente da APAVT, e Adolfo Mesquita Nunes, advogado e ex-secretário de Estado do Turismo. Ana Jacinto, secretária geral da AHRESP, reconhece a procura crescente que se tem feito sentir no país mas lembra a necessidade de “sermos prudentes e termos os pés bem assentes na terra porque estamos a falar de microempresas, que representam um tecido empresarial muito fragilizado”. Porquê? A resposta é simples: “Vimos de dois anos de pandemia em que as empresas ainda não tiveram tempo para fortalecer os seus balanços”, explica a responsável. Por isso, frisa, “o facto de termos procura não significa rentabilidade e investimento nas empresas”, até porque a inflação está elevada e, no caso da restauração, ao contrário do alojamento, acrescenta, “não conseguimos subir preços à medida, o que significa que estamos a acumular e engolir custos”.
Por outro lado, diz Ana Jacinto, há um problema de carga fiscal no país: “Portugal, segundo dados recentes da OCDE, é dos países com maior carga fiscal sobre o rendimento do trabalho” e esta, lembra a dirigente associativa, tem sido uma das questões que a AHRESP tem sinalizado mas sem “acolhimento”. A oradora indica que embora muitas empresas queiram aumentar os seus colaboradores, a verdade é que ao fazê-lo, estes sobem de escalão e “aquilo que ganham a mais passam a receber até menos”.
Além disso, a secretária geral da AHRESP lembra que não devemos apenas centrar-nos na questão salarial, apontando o dedo à “organização dos horários” e à “dureza desta atividade”, situações que podem ser melhoradas. E aqui, defende, há que apostar na capacitação dos empresários, algo que, numa primeira fase tem custos, admite, mas que, a médio e longo prazo, trará benefícios.
Por Inês Gromicho.