O presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA), João Fernandes, foi um dos oradores convidados da t-Forum Global Conference – organizada pela Universidade do Algarve (UAlg) – num painel dedicado ao “Covid-19 e os Novos Desafios para o Turismo”.
“O turismo está a passar por uma crise sem precedentes”, reflete João Fernandes, sendo que “a única certeza que é que nunca mais será igual” mas o responsável confia que, a longo prazo, “será melhor”. Eis os desafios do momento: a confiança, sustentabilidade, digitalização, formação e “o contributo válido do turismo para um mundo melhor”, como enumera.
A confiança é, na sua opinião, “o desafio mais urgente” no sentido em que “se queremos ter pessoas a viajar de novo elas têm de se sentir seguras e confiantes sobre onde podem e não ir e que obrigações têm de cumprir”. Assim, seria “muito importante alcançar um consenso sobre as restrições às viagens, estabelecendo critérios comuns baseados em evidências científicas”, atenta.
Em seguida, o presidente da RTA frisa que a crise poderá resultar numa “transformação positiva” priorizando-se férias mais sustentáveis e destinos mais resilientes. Além disso, considera relevante “comunicar melhor com os residentes”, para que não olhem de forma suspeita para o turismo, “agindo de forma preventiva para mitigar tal fenómeno”.
A pandemia também acabou por acelerar a “necessidade” da transição digital, até para gerir melhor os destinos, e de “mais formação”, sublinha o responsável, pois “no futuro temos de estar preparados para mudanças ainda mais significativas e para ciclos”. João Fernandes afirma que, além de formar os jovens, é preciso “reciclar conhecimento e skills” da atual força de trabalho do setor e “manter estes empregos”. “As pessoas são um recurso essencial no turismo”, sustenta.
Finalmente, apesar de agora numa posição “vulnerável”, o setor do turismo deve ser valorizado pelo poder de “contribuir para um mundo melhor, promovendo a solidariedade e o entendimento além fronteiras”. O presidente da RTA não tem dúvidas de que, com responsabilidade, “o turismo pode emergir desta crise com ainda maior relevância” porque é também ele “o futuro”.
“É impossível recuperar apenas com turistas nacionais”
João Fernandes atenta que o mercado interno cresceu na região 9,9% em agosto e 10,3% em setembro, comparado com o mesmo período em 2019, e que o mesmo “trouxe benefícios na falta de mercados externos”. Contudo, o Algarve “depende 70% da procura externa”, sobretudo, registando uma “grande dependência do Reino Unido” (30% da atividade turística). O responsável conclui então que: “É impossível dar a volta enquanto destino internacional apenas dependendo dos viajantes portugueses, apesar de terem sido muito importantes” ao longo da pandemia.