Numa altura em que muitas empresas do setor do turismo atravessam momentos difíceis a todos os níveis, incluindo o financeiro, a Ambitur.pt auscultou associações e entidades regionais para saber o que pensam das atuais linhas de crédito anunciadas pelo Governo e o que mais se pode esperar do Turismo de Portugal.
Purificação Pereira Reis, presidente da direção da ACISO – Associação Empresarial Ourém-Fátima, não hesita em afirmar que o recurso a linhas de crédito não é viável para muitas empresas, pois “significam um aumento do endividamento”. Por essa razão, defende que “é fundamental que se avance para um conjunto de incentivos não reembolsáveis”, sendo “mais acertado financiar o emprego do que financiar o desemprego”. A solução poderia passar por um alívio de custos que permita que as empresas se mantenham abertas e cumpram com as suas obrigações para com clientes e fornecedores, continuando a assegurar emprego. “Existe uma forte carga fiscal que deverá ser reduzida”, diz a dirigente associativa, tais como, a isenção do pagamento do IMI.
Embora saiba que o Governo alargou “à globalidade do tecido empresarial português” o acesso às linhas de tesouraria, “o que é positivo”, a responsável alera que “não é suficiente”. Outra medida positiva apontada por esta associação é o facto de o crédito poder ser concedido a seis anos, com um período de carência de 18 meses. “São medidas úteis e bem-vindas para algumas empresas com problemas de liquidez de curto-prazo, desde que tenham a perspetiva de retomarem a sua atividade em pleno, gerando receitas suficientes para virem a solver os compromissos assumidos”, sublinha.
Quanto às moratórias, Purificação Pereira Reis recorda que seis meses “é um prazo que apresenta um significativo risco”, isto porque há “fortes indícios de que a retoma da atividade económica, sobretudo no setor do turismo, não venha a ocorrer antes do termino deste prazo de moratória, o que levantará sérios problemas aos empresários”.
Por outro lado, a responsável lembra que é “imperioso que se ultrapassem as barreiras burocráticas para tratar dos processos”, já que “o tempo é crucial e pode fazer a diferença entre a sobrevivência da empresa ou o seu encerramento”. A presidente da entidade avisa que o acesso às linhas de crédito tem um processo burocrático inerente, dificultando que os apoios cheguem às empresas que realmente deles necessitam, sobretudo micro e pequenas empresas, em tempo útil. “Tem de haver maior flexibilização dos requisitos”, pede a responsável, bem como maior celeridade para que estes apoios “venham em tempo útil para fazer face às perdas do primeiro trimestre”.
Purificação Pereira Reis defende ainda que “é fulcral e urgente a preparação de uma forte campanha de promoção que possa iniciar pelo mercado interno alargado e se possa vir a estender aos mercados externos, assim que tal seja possível”. Do Turismo de Portugal, admite que seja fundamental existir um “forte apoio” e um trabalho conjunto com os diferentes agentes de promoção turística para que esse trabalho possa arrancar logo que possível e acelere a retoma do setor do turismo em Portugal.