O turismo é, talvez, o setor que demorará mais tempo a recuperar da crise provocada pela Covid-19. Além da dependência do transporte aéreo, acresce ainda a “falta de confiança” dos viajantes. Estas são as possíveis questões que decidem o futuro do setor. Por isso, “afirmar o passado, observando o presente e perspetivando o futuro” é a linha estratégica de Ponta Delgada para levar avante o turismo na região.
À Ambitur.pt, o presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, Humberto Melo, considera ser “fundamental” tornar “segurança” e “confiança” como “palavras-chave” no destino. “Temos de ser considerados um destino turístico extremamente seguro e responsável”, reforça o autarca, acreditando que isso será um “fator” decisivo na escolha.
Algo que já está a ser trabalhado pela autarquia é o fortalecimento de uma “imagem positiva” e “diferenciadora” que Ponta Delgada tem passado a quem a visita, mas que, agora, tem de ser ainda mais reforçada, no sentido em que a “experiência no local não seja apenas de contemplação” mas também de “interpretação”, enriquecendo assim a “visita do turista”, refere. “É necessário valorizar o concelho como destino sustentável”, promovendo a “responsabilidade social e ambiental”, afirma o edil, sublinhando que, para tal, devem ser “potenciados os benefícios económicos para a população local”, envolvendo-a nos processos, melhorando o seu bem-estar, as condições de trabalho e, em simultâneo, “fortalecer a nossa identidade e autenticidade como destino”.
O impacto que a Covid-19 está a ter levou a que o município apresentasse um conjunto de medidas destinadas ao comércio e aos serviços. Assim sendo, e de forma a “satisfazer a procura dos habituais clientes por produtos de primeira necessidade”, o Mercado da Graça manteve-se aberto ao público e foi abolido o “pagamento do estacionamento na via pública da cidade”, refere o autarca. No sentido de apoiar a economia local, a autarquia aprovou também diversas “isenções de taxas” e “rendas municipais”, uma “medida que se traduz numa redução de receita da Câmara Municipal”, afirma Humberto Melo.
Apoios à indústria turística
No que concerne à indústria turística, onde os “custos serão maiores que as receitas” durante os próximos tempos, a Câmara Municipal pretende “continuar a acelerar e assegurar os pagamentos dos bens adquiridos e serviços prestados” ao município, apoiando assim as “entidades fornecedoras”, assegurando a sua “estabilidade” e permitindo que “sejam os futuros intervenientes no relançamento da economia” logo que este seja possível. Quanto ao cancelamento de eventos, “direcionaram-se as verbas disponíveis para o reforço orçamental das medidas de apoio e de emergência social das famílias e empresas em dificuldades económicas”, diz o autarca. Além disso, estão a ser promovidos “programas alternativos de dinamização sócio-cultural” que têm como foco “colaborar na retoma dos agentes económicos, designadamente o comércio, restauração e hotelaria”, refere.
O incentivo às compras no comércio tradicional faz, igualmente, parte das prioridades de Ponta Delgada. Nesta matéria, será lançada uma “campanha de apelo e incentivo” às compras no comércio local, através de um “programa de comunicação específico”, divulgando e promovendo as empresas através de um diretório em formato digital disponível no portal de turismo da cidade.
Ativos: “Resiliência” e “capacidade de adaptação a novas circunstâncias”
Relativamente aos desafios, “se, até então, ´a carga turística` era um sintoma, agora a sua inexistência é uma repercussão”, afirma Humberto Melo. “Assumir a importância da gestão do destino” é um fator “indispensável”, diz o autarca, considerando fundamental “encontrar respostas adequadas de forma a determinar estratégias de contribuição positiva” entre o “município, os privados, o setor terciário e a sociedade”. Assim sendo, “relançar” a atividade turística e colocar Ponta Delgada como um destino com “vantagem competitiva” é a prioridade da autarquia.
A “oferta mais autêntica” e “mais aprazível”, indo ao encontro daquilo que são as “tendências de procura sustentável”, é um motivo forte para “acelerar aquela que foi e é a estratégia” do município. No entanto, é na “resiliência” e na “capacidade de adaptação a novas circunstâncias” por parte dos empresários e de todas as organizações públicas que atuam no setor que se encontra o “maior ativo para o futuro”, acredita Humberto Melo.
E porque a “confiança” é vital, “terá de haver uma participação, integração e compromisso coletivos de toda a atividade de comércio, restauração, alojamentos, serviços, associações do setor”, atenta o autarca. Aquilo que é mais desejado pelo município é que “haja uma retoma efetiva da atividade” e que o “potencial cliente volte a sentir-se confiante para viajar”. A partir daí, a região vai continuar a “demonstrar ter as qualidades que sempre teve”, dando garantias aos “grandes operadores turísticos do mercado interno e a nível internacional”, de forma a que “possam encorajar aos seus clientes o destino Ponta Delgada”, remata.