A Ambitur.pt continua a auscultar os empresários do setor do turismo, no âmbito da atual pandemia da Covid-19, procurando saber como as empresas estão agir neste momento e como pensam o futuro.
Luís Henriques, co partner da Bestravel Viseu/Picoas e co Partner da Landventure, explica à Ambitur.pt que no seu caso, a preocupação foram os custos fixos. “Todos estão a ser avaliados para que consigamos manter os postos de trabalho, não só para proteger os nossos colaboradores (que são a verdadeira alma das empresas), como também para não perder a capacidade de resposta quando este período menos positivo passar”. O empresário acredita que a retoma será lenta pelo que “é importante que as ações tomadas hoje sejam decisivas para o amanhã”, adiantando que já subscreveram alguns dos apoios disponibilizados pelo Governo para ultrapassar esta fase.
Neste momento, o trabalho possível tem sido dedicado a cancelamentos e adiamentos de reservas futuras. Luís Henriques explica que tanto na Bestravel Viseu como na Landventure o ano de 2020 “prometia ser o melhor de sempre, tanto em volume de faturação como em resultados”. Ambas tinham já várias reservas confirmadas e tomaram a iniciativa de antecipar o problema contactando todos os clientes para as adiar. Além disso, admite que não tem sido fácil a gestão de clientes/ fornecedores “uma vez que o comportamento destes últimos tem, com a crise, criado um problema de confiança no setor”. segundo o responsável, quando um dos atores da cadeia de distribuição falha, cria problemas aos outros parceiros e “o não reembolso das companhias/ operadores turísticos está a causar grandes constrangimentos na relação com o cliente final, que não compreender o porquê das agências não respeitarem e cumprirem a lei”.
O responsável admite que estando inserido num setor que foi o primeiro a ser afetado e que será o que mais lentamente recuperará, “a nossa preocupação é perceber quando conseguiremos ter perspetivas de venda dos nossos produtos”, tendo em conta fatores como a situação em Portugal, a confiança do consumidor ou a situação pandémica mundial. Luís Henriques sublinha que o que mais o assusta é precisamente “o não controlo desta crise”. Se em outras crises a criatividade, o dinamismo e a proatividade eram elementos importantes hoje “vivemos uma situação inédita por isso mesmo: ultrapassar esta situação não depende de nós, apenas poderemos ajudar cumprindo as diretrizes das autoridades”.
Luís Henriques garante que “já estamos a pensar no futuro”. Como? “Desenvolvendo produtos diferenciados para poder lançar na altura da retoma”. O empresário acredita que também seria importante haver uma discussão pública de como o mercado poderia aproveitar a crise que a Covid–19 trouxe. “Temos hoje uma clara oportunidade de nos diferenciarmos em relação às vendas online, seja no contacto, no assessoramento, ou no cumprimento integral da lei, que é o que não está a acontecer”, alerta.
Luís Henriques afirma acreditar que a APAVT “estará igualmente preocupada com estes aspetos e conseguirá gerar consenso no mercado”. Para o gestor, “será a altura não de suspender mas alterar definitivamente a lei da agências de viagens no que à responsabilidade das agências e do FGAVT diz respeito para que consigamos transmitir, cada vez mais, uma mensagem de confiança, segurança e disponibilidade aos nossos clientes”. E conclui: “este será o maior desafio deste mercado nos próximas anos”.