Saber como estão as empresas do setor do turismo a reagir à atual crise provocada pela pandemia da Covid-19, o que já implementaram e o que mais preocupa os empresários são os objetivos da Ambitur.pt.
Júlio Mateus, um dos fundadores da Bestravel e gerente da Bestravel Carregado, admite que enquanto agência franchisada especialmente dedicada ao negócio de outgoing, está muito dependente do que for decidido no mercado nacional e nos países recetores de turismo. Pelo que, por mais otimista que admita ser, “por muitas decisões que se tomem em Portugal, e por muito que as coisas por aqui comecem a melhorar, temos de esperar o que os países terceiros vão decidir”.
O responsável assume que “esta crise veio e está para durar por muito tempo” e que a sua agência está sobretudo dependente de três categorias de clientes: lazer, corporate e desportivos.
No que diz respeito ao corporate, Júlio Mateus indica à Ambitur.pt que as empresas cancelaram todas as viagens de negócios, mantendo-se na sua maioria em teletrabalho. “Só depois de asseguradas todas as condições de segurança autorizarão as deslocações dos seus colaboradores para viagens presenciais”, explica, adiantando que tal não acontecerá antes de setembro ou outubro, “na melhor das hipóteses”.
No segmento dos eventos desportivos, as competições também se encontram suspensas, estando a empresa dependente das respetivas federações para o reinício das competições.
E relativamente ao lazer, o gestor admite que a situação é ainda “mais complexa”. “Neste momento a procura é zero, e as reservas para julho e agosto estão a ser todas canceladas”, sublinha. Mostra-se satisfeito por já ter sido aprovada a legislação sobre os reembolsos e emissão de vouchers, mas alerta que “falta convencer os clientes desta medida”. Diz mesmo que “na sua grande maioria manifestam-se intransigentes e exigem os seus reembolsos”.
A juntar a tudo isto, Júlio Mateus refere ainda a incerteza no que se refere às companhias aéreas, bem como à fórmula de remarcação das respetivas viagens e ao modo como se enquadrarão as condições das companhias com a utilização dos vouchers.
O gerente da Bestravel Carregado confidencia que, das inúmeras conversas com clientes e potenciais clientes, “todos são unânimes em afirmar que no corrente ano não irão viajar”. Ou seja, “as viagens ficarão sempre adiadas para o próximo ano, quando existirem condições de segurança”.
Agência paralisada
Neste contexto, Júlio Mateus aponta que a sua agência se encontra, neste momento, “totalmente paralisada” e os seus colaboradores em lay-off. E não perspetiva qualquer abertura num curto prazo, dificilmente nos próximos três ou quatro meses.
“Não resta outra alternativa a não ser esperar e acreditar que o Governo publique legislação que permita a sobrevivência das agências de viagens”, defende. Medidas como o prolongamento do período de lay-off pelo menos até ao início da época de inverno, e acima de tudo, ajuda a fundo perdido. Para o responsável, os empréstimos não satisfazem “as necessidades financeiras deste negócio de margens mínimas, e não conseguiremos lucrar o suficiente para liquidar as dívidas contraídas, pelo que nos reserva garantidamente a insolvência, verdadeiramente catastrófica, caso medidas verdadeiramente excecionais não sejam adotadas”.
Júlio Mateus não deixa porém de salientar o “inexcedível trabalho” desenvolvido pelo franchisador, a Gecontur, que atualiza permanente a informação, bem como na “otimização dos custos e na estreita colaboração com a APAVT na procura das melhores soluções”.