2023 era um ano de incerteza devido à guerra na Ucrânia, à inflação galopante, ao aumento das taxas de juro e aos ainda sentidos impactos da pandemia. Mas, para o turismo em Portugal, o ano foi de superação ao atingir os 25 mil milhões de euros em receitas. Foi isto que recordou Carlos Abade, presidente do Turismo de Portugal, durante a sua intervenção no almoço da AHP (Associação da Hotelaria de Portugal), nesta segunda-feira, 15 de janeiro, no Lisbon Marriott Hotel.
2023 fechou o ano com 700 milhões de dormidas, +11% face a 2022 e +10% face a 2019, sendo que o turismo português conseguiu recuperar acima do turismo internacional: “Portugal teve os atributos, a capacidade e a qualidade para crescer acima daquilo que cresce o turismo internacional”. E para o presidente do Turismo de Portugal, o país, para este novo ano, “terá um crescimento em relação aos dados de 2023″.
Com o crescimento de novos mercados, com especial destaque para o americano, irlandês e italiano, Portugal conseguiu consolidar também os seus mercados convencionais, excluindo o brasileiro, que ainda ficou aquém dos números de 2019, mas que pode ser recuperado em 2024. Para o novo ano, o importante é focar em procurar nichos e começar a atraí-los, de forma a potenciar novos mercados.
“Estamos a 7,6% de atingir em 2024 as receitas turísticas de 27 mil milhões de euros”
Carlos Abade afirmou ainda que é um absurdo dizer que o turismo está a chegar ao seu limite, pois os números comprovam que o setor está em crescimento constante. Além disso, Portugal é um destino turístico competitivo, pela sua qualidade da oferta turística, das infraestruturas, do clima e da segurança.
E para manter este nível, “vamos continuar a investir em mercados, as empresas vão continuar a investir e a crescer nos territórios”. Para fazer isto será importante “transformar as receitas em valor acrescentado” e “não confundir lucro com criação de valor”.
Assim, o presidente do Turismo de Portugal enumerou as principais dimensões em que a entidade quer intervir, juntamente com as empresas e todos os intervenientes do setor. Por exemplo, ficou em cima da mesa a necessidade da criação de valor para os residentes, pois “o turismo é bom na exata medida em que for bom para as pessoas” e é “um gerador de riqueza com impacto noutros setores de atividade”.
“A indústria do turismo é a indústria do bem estar e da felicidade”
Ao nível dos recursos humanos, Carlos Abade considerou fundamental “capacitar as lideranças” e valorizar e dignificar os trabalhadores, além dos investimentos na formação, lembrando o investimento de 30 milhões de euros (do PRR – Plano de Recuperação e Resiliência) para a transformação das Escolas de Turismo e Hotelaria.
Mas também o investimento em sustentabilidade é um processo que está a ser feito e que assim tem de continuar, sendo que o Turismo de Portugal disponibiliza de linhas de apoio neste sentido, como o Turismo + Sustentável e o Turismo Empresas 360º. Carlos Abade pede, assim, que todas as empresas se juntem a estes apoios para caminharem na mesma direção e “tornar as cidades mais eficientes na sua gestão”, assegurando igualmente “o crescimento dos territórios de baixa densidade”.
E sendo a inovação uma “exigência diária”, o presidente da entidade revela que a “inteligência artificial é um fator que pode fazer crescer a competitividade e a rentabilidade”, auxiliando nas reservas, nos preços e no relacionamento com o cliente.
“O turismo é promotor da cultura, dos costumes, da requalificação dos locais, dos territórios”
Outro objetivo do Turismo de Portugal será expandir a rede de equipas no estrangeiro, que atualmente são 19 a cobrir 35 países, e assim estar presente em mercados que serão importantes no futuro.
“A maior parte do que nos visitam veem por via aérea, daí o Turismo de Portugal continuará o seu reforço com conversações com todas as companhias aéreas e todos os aeroportos”, confirmou ainda Carlos Abade.
Em relação ao aeroporto de Lisboa, “é uma questão urgente, mas tem de ser uma decisão inteligente”. E, tendo em conta que um novo aeroporto não estará pronto do dia para a noite, “vamos ter de viver com as infraestruturas que temos”, sendo que todos os aeroportos em Portugal têm capacidade para crescimento, “uns mais, outros menos”, frisou o responsável.
E questionado se os problemas de capacidade do aeroporto de Lisboa, Carlos Abade afirmou que a estipulação dos 27 mil milhões de euros até 2027 foi feita com base naquilo que são as limitações dessa infraestrutura.
Por Diana Fonseca