A Ambitur.pt continua a mostrar-lhe a trajetória dos profissionais que trabalham na hotelaria em Portugal. Desta vez é Pedro Catapirra, diretor de Operações dos Sublime Hotels, que partilha connosco o seu percurso.
Pedro nasceu em Lisboa, a 6 de setembro de 1975, e os melhores momentos da sua infância foram passados nas praias da Costa da Caparica, em família, durante as “férias grandes”, ou seja, livres de horários e de demasiadas regras, de manhã ao fim do dia. Recorda que apenas as refeições em família tinham de ser respeitadas. E lembra-se de correr de São João ao centro da vila, com os amigos, vezes sem conta ao longo do dia, brincando na praia e jogando à bola com os turistas, ou de ajudar os pescadores a puxar as suas redes.
Pedro Catapirra explica que foi investindo na sua formação à medida que foi sentindo necessidade de enriquecer o seu conhecimento prático. Assim, depois do curso profissional de restaurante-bar no Centro de Formação Profissional para o Setor Alimentar, fez várias formações específicas que lhe trouxeram ferramentas importantes para cimentar a sua carreira como diretor de F&B, diretor geral ou diretor de Operações, nomeadamente, a especialização em Direção Hoteleira pela ADHP, a certificação em auditoria interna de Sistemas de Gestão da Segurança Alimentar – ISO 22000, a formação em Gestão de Alojamentos ou a certificação em Coaching pela ICF, entre outras.
Como e quando iniciou a sua carreira na Hotelaria?
Na realidade, a minha carreira na hotelaria iniciou-se como um part-time em serviços de catering no Hotel Le Meridien e Ritz Lisboa através de um amigo cujo pai era Chefe de Sala. Mais tarde, e um pouco mais a sério, entrei no Hotel da Lapa em 1995 e tive oportunidade de conhecer, trabalhar e aprender com excelentes profissionais de F&B.
Depois fiz várias aberturas de prestigiadas unidades hoteleira como o Pestana Palace Hotel em 2000, o Bairro Alto Hotel em 2005 e o Grande Real Villa Itália em 2007 onde assumi o primeiro cargo de diretor de F&B. Ainda dentro do Grupo Hotéis Real tive a primeira experiência como diretor de Hotel no 4 estrelas Real Oeiras e depois seguiram-se quase nove anos de Consultoria e Gestão na Blueshift – Achievers Make the Change, onde o contacto com diversas realidades me fez crescer como gestor, estratega e criativo. Ter oportunidade de trabalhar com a equipa multifacetada da Blueshift fez com que todos os projetos que abraçámos fossem um verdadeiro sucesso, desde reaberturas de hotéis insolventes e negociações com várias entidades, a projetos de desenvolvimento de conceitos de hoteis e restaurantes em Portugal, França, Itália, Caraíbas, foi quase uma década de muita aprendizagem e de crescimento profissional.
O que o apaixona no setor hoteleiro e ainda hoje o faz continuar a querer estar nesta indústria?
O que me apaixona é o desafio diário constante, é a imprevisibilidade, é a busca incessante pela consistência de serviço e procedimentos que em resultado final nos deveria levar à satisfação de TODOS os clientes, mas que ao fim destes quase 30 anos sei que nunca lá chegaremos. É um contrassenso sim, mas esta luta inglória entre a perseguição da consistência de serviço perfeita e a geral satisfação dos clientes é o que me deixa vivo e desperto para continuar a encontrar soluções.
Apaixona-me também ver os novos colegas a chegar e conseguir partilhar com eles o que fui aprendendo e colecionando nesta vida profissional. A partilha entre gerações é também desafiante, mas enriquecedora quando verifico o crescimento de colegas que passaram por mim e que foram crescendo profissionalmente. Gosto de pensar que fiz parte do crescimento dessa pessoa e felizmente “colecionei” muito boas relações ao longo da vida.
A chegada ao atual grupo deu-se quando e como?
Em 2019, o proprietário do Sublime Comporta contratou a Blueshift para o assessorar na gestão e operação daquela unidade. Fui destacado durante vários meses para esta propriedade como GM encarregue de implementar medidas que ajudassem a desenvolver o produto, serviço e a gestão geral do Sublime Comporta. Mais tarde acabei por abraçar o Grupo Sublime a 100%.
E qual tem sido o seu percurso dentro deste grupo hoteleiro até aos dias de hoje?
Tenho acompanhado o crescimento do Grupo e sinto-me corresponsável pelo sucesso e objetivos que fomos conquistando. A abertura do Sublime Comporta Beach Club e do Hotel Sublime Lisboa foram marcos importantes na consolidação da Marca Sublime no panorama turístico nacional.
Como define as suas funções dentro do grupo atualmente? E que tipo de gestão procura fazer em termos de equipa?
Tento acrescentar valor através da minha experiência e encontrar soluções para ultrapassar os desafios desta atividade. Em termos de equipa acho importante estar perto dos departamentos para em conjunto encontrar essas mesmas soluções. Evito trabalhar sozinho e envolvo as equipas nas decisões pois acredito que se se sentirem responsáveis os resultados surgem de forma positiva. Sem sombra de
dúvidas que a satisfação e sucesso das equipas resulta na satisfação dos nossos clientes e no sucesso dos resultados financeiros.
Quais os momentos que o marcaram mais ao longo do seu percurso profissional – os mais positivos, que mais contribuíram para o seu progresso profissional; e os menos positivos, que mais dificultaram a sua tarefa?
Todas as aberturas de unidades que fiz foram, sem dúvida, as que mais satisfação profissional me trouxeram. Organizar a abertura de uma unidade de 150 ou 15 quartos é igualmente exigente, mas preenche-me de forma incrível. Envolver as equipas na decisão de processos e passar os meses seguintes a revê-los, pois
na prática há sempre ajustes a aplicar, é um percurso muito recompensador.
O menos positivo nos últimos anos foi sem dúvida o confinamento devido à pandemia. Encerrar o Hotel durante vários meses e adaptar processos operacionais a uma realidade desconhecida quer para clientes quer para colaboradores foi muito desafiante.
A falta de mão de obra qualificada que se fez notar especialmente depois dessa fase e até aos dias de hoje, é neste momento a minha principal preocupação. Mesmo com os ajustes nas condições contratuais e a adição de diversos benefícios, sinto que existe uma perceção de ausência de “sexyness” pela restauração, hotelaria e turismo no geral, que dificultam a sedução de jovens para estas profissões.
Quais os principais desafios que profissionalmente tem pela frente este ano?
Este ano o principal desafio é a consolidação do Hotel Sublime Lisboa e do seu Restaurante Davvero no mercado. O atraso na conclusão da requalificação do edificio e entrega de materiais e equipamentos fez com que a abertura fosse sendo adiada e este ano de 2023 será o primeiro ano sério de operação que esperamos ser mais um sucesso do Grupo Sublime.