Foi com esta frase que Raul Martins, presidente da AHP- Associação da Hotelaria de Portugal resumiu a situação que o setor hoteleiro vive hoje, com a nova vaga de Covid-19 provocada pela variante Delta e pelos recentes anúncios de dois dos principais mercados emissores para Portugal – Reino Unido e Alemanha – de novas restrições para o nosso país. “A retoma do turismo em Portugal abortou”, sublinha o responsável, na apresentação hoje do inquérito “Perspetivas verão 2021 da AHP, esclarecendo que “A expectativa que tínhamos de que a retoma se iria iniciar este verão” acabou por não se concretizar com os condicionamentos impostos pelo Reino Unido e Alemanha. “Não haverá retoma este ano e será um ano negativo, na melhor das hipóteses com resultados zero”, confirmou.
Mas, mesmo com estas perspetivas desanimadoras, Raul Martins não defende que devam surgir daqui novas medidas de apoio ou novas definições. “Temos é que aumentar a disponibilidade das verbas disponíveis do Plano Reativar Turismo”, alega. E explica que apesar de o Decreto-Lei já ter sido publicado, o enquadramento e as regras de utilização não estão ainda definidos. “Dentro do Plano Reativar Turismo, as verbas disponíveis para capitalizar, dar garantidas de adiamento de pagamento de empréstimos antes da Covid-19, que tenham que ser aumentadas por forma a corresponder às necessidades efetivas do setor”, argumenta o presidente da AHP. Porque, na verdade, lembra, os apoios ainda não estão disponíveis, e aguardam a definição dos critérios que vão permitir que o Banco Fomento apoie as linhas Capitalizar, Tesouraria e Dívida Subordinada. “É urgente que essa definição exista”, frisa o responsável, adiantando que a expectativa é que isso seja feito até 15 de julho, entrando desde logo em prática.
Raul Martins admite que este mês de julho está “perdido”, com os concorrentes de Portugal – Espanha, Itália, Grécia ou Croácia, por exemplo – a terem maiores hipóteses e acesso por parte dos alemães e britânicos. A expectativa é de que o mês de agosto seja razoavelmente preenchido com o mercado nacional. “Haverá retoma quanto tivermos 50% dos passageiros a chegar a Portugal”, afirma o dirigente associativo, recordando que em 2019 o país tinha 70% de ocupação, sendo que com metade, os 35%, permite aos empresários equilibrar a exploração. “Para termos os 35% em 2021 teríamos de ter uma ocupação média de 60% de junho a dezembro”, lembra Raul Martins, admitindo que mesmo que haja alguma compensação em setembro, no Algarve em Lisboa ou no Porto, tal não será suficiente. O presidente da AHP diz mesmo que, em outubro, na região do Algarve, irá verificar-se um novo encerramento de hotéis, especialmente nas zonas de resort. E nas zonas de Lisboa ou do Porto, poderá haver também encerramentos ou alguns que nem sequer cheguem a abrir.