Ambitur.pt está a auscultar as várias associações do país no sentido de que partilhem com os nossos leitores a sua visão, mais de 15 dias depois da declaração do Estado de Emergência.
Rodrigo Pinto Barros, presidente da APHORT – Associação Portuguesa de Hotelaria, Restauração e Turismo, responde às nossas questões.
Como caracteriza a APHORT, o estado das empresas vossas associadas?
No que diz respeito à hotelaria, podemos dizer que a maioria dos nossos Associados está de portas fechadas, à exceção de algumas unidades que estão a colaborar, voluntariamente, com as autoridades de saúde, no sentido de disponibilizar alojamento e apoio aos profissionais desse setor.
Em relação à restauração, apercebemo-nos que muitos estão a encarar a possibilidade de realizar serviços de takeaway como uma oportunidade para enfrentar a situação neste momento.
Existe alguma previsão de curto prazo relativamente ao futuro da atividade das mesmas?
No que diz respeito à restauração, acreditamos que se vá verificar uma consolidação dos serviços de takeaway, muito motivada pela adesão crescente de restaurantes que estão a decidir implementar este tipo de serviço, até então inexistente. Por outro lado, no que diz respeito ao alojamento e aos demais serviços ligados ao setor do turismo, a previsão é a de que o atual estado da sua atividade permaneça inalterado até ao final de abril.
Neste momento, todo o setor está dependente de indicações e condições externas, que irão determinar a forma como a atividade turística vai evoluir nos próximos tempos. Há duas questões prementes para as quais precisamos de ter respostas: quando é que vamos poder sair deste estado de paralisação? E, tendo em conta uma perspetiva económica global de todo o tecido empresarial, qual é o “lugar da fila” que está reservado às empresas do nosso setor para poderem retomar a sua atividade? A APHORT tem estado a acompanhar, em permanência, as práticas que estão a ser implementadas noutros países que estão já num ciclo mais avançado da pandemia e vemos, por exemplo, o caso da Áustria, que definiu uma programação relativamente à data de reabertura dos vários tipos de estabelecimentos, e onde as empresas do setor não constam entre as primeiras prioridades. Neste sentido, será importante perceber, o quanto antes, qual o caminho que o Governo português irá seguir, de forma a que o turismo possa organizar-se e definir um planeamento em conformidade.
O que preocupa mais a associação neste atual momento de gestão de crise?
Preocupa-nos esta inexistência de uma ideia clara de previsão que nos impede, para já, de definir uma estratégia de retoma. Com a agravante de que esta é uma crise global, que não depende só do desempenho nacional, e que se irá traduzir também num conjunto de constrangimentos externos, que estão fora do nosso controlo.
Têm sido auscultados pelo Governo e participado no desenhar de soluções já aplicadas?
Sim, desde o início, e através da CTP, temos mantido um diálogo regular e, do nosso ponto de vista, produtivo com o Governo. Muitas das propostas que a APHORT pôs em cima da mesa foram bem aceites pelo Executivo e materializadas sob a forma das diversas ferramentas de apoio que têm sido disponibilizadas às empresas do setor.
As atuais soluções precisarão de ser reforçadas, e em que altura?
Também aqui estamos dependentes da existência de uma perceção de qual será o ritmo de saída desta situação permitido ao setor do turismo. Ainda assim, acreditamos que em maio haja uma necessidade de reavaliar e, eventualmente, reforçar o pacote de medidas de apoio atualmente existentes.
Há números de que se possam falar ao nível do emprego destruído até agora, e naquele que poderá ser o curto prazo?
O que temos verificado junto dos nossos Associados é a existência de uma enorme preocupação e empenho no sentido de preservar empregos. A prioridade passa, neste momento, por “segurar” e manter as equipas, pelo que o recurso ao lay-off tem sido a medida mais comum.