Dos congressos de duas empresas organizadoras, Viagens Abreu e FactorChave, que estavam previstos realizarem-se de março a junho deste ano, nenhum foi cancelado. Para Nuno Tiago Pinto, Global Director of Congress Operations da Viagens Abreu, este é “um sinal muito positivo para todos, pois adiamento ou cancelamento é muito diferente”. De acordo com o responsável, alguns eventos foram adiados para 2021, dois ou três para 2022, os restantes foram reagendados para o período entre setembro a dezembro deste ano. Aliás uma das dificuldades atuais é que no espaço temporal de setembro a dezembro, já está a haver “dificuldade a nível de encaixe e não só pela disponibilidade dos espaços em si, mas da disponibilidade das pessoas/ participantes devido à concentração temporal de congressos que está a existir”. De acordo com o responsável, “as remarcações ocorreram com o menor impacto possível”.
O responsável participou, ontem, de uma mesa redonda promovida pela Event Point, moderada por Rui Ochôa, que juntou ainda um responsável da FactorChave.
Vasco Noronha, General Manager da FactorChave, também indica que “não temos congressos cancelados, mas sim adiados. Vamos entender como se vão processar estes adiamentos. Em todos os remarcados, só um passou para 2021. Estão todos remarcados entre setembro e dezembro”. Para o responsável um dos condicionantes dos adiamentos foi a sujeição às datas disponíveis, pelo mercado, hotéis e venues. “Estes Congressos já estão parcialmente pagos. Os espaços de eventos têm colaborado para arranjar soluções, sem grandes exigências financeiras para a remarcação dos espaços, havendo duas ou três exepções que nos estão a exigir compensações financeiras”, acrescenta o interlocutor.
Futuro
Relativamente ao futuro, Nuno Tiago Pinto indica que tem que haver legislação ou regras específicas para a organização de congressos. “O gel, máscara e luvas é de sentido comum, mas tem de haver um guideline para os espaços e para os organizadores de congressos”, indica. Para o responsável, esta é uma matéria a ter em atenção pois permitir-nos-á “posicionar não só para congressos nacionais, mas também internacionais, como um país não só seguro, mas na linha da frente no que diz respeito às medidas sanitárias”.
Para Vasco Noronha, “há medidas que vão ter que ser implementadas, como um distanciamento superior, ou seja uma sala com capacidade para 400 pessoas, não vai poder levá-las. Mas primeiro é preciso criar-se confiança, que as pessoas estão seguras. É preciso uma limpeza maior e uma higienização maior. Para uma maior confiança terão que ser as pessoas que organizam o congresso a disponibilizar máscaras para quem as queira utilizar, desinfetantes nos vários espaços”. Indica o responsável que a Factor Chave já começou a fazer encomendas nesse sentido: “até para termos o material disponível para quando começarmos a realizar congressos”.
Acrescenta Vasco Noronha que a APECATE vai começar a trabalhar num manual de normas de questões que sejam obrigatórias para restaurar-se a confiança.
Relativamente à tecnologia, Nuno Tiago Pinto, da Viagens Abreu, indica que este será sempre um complemento do setor dos congressos. Por exemplo, se houver uma redução da capacidade dos espaços, pode-se pela via tecnológica dar a assistência a um maior número de participantes. “Também podem ser usadas se houver uma intermitência, enquanto não houver vacina, no sentido de o país poder fechar a qualquer momento devido a um novo surto”, acrescenta o interlocutor.
Ligações aéreas
No que diz respeito às ligações aéreas, este é um tema que causa preocupação ao setor. “Quem trabalha os congressos internacionais sabe que esta é uma chave das recuperações. Sem ligações aéreas ou menor número, as tarifas serão mais caras e haverá menos lugares para cá chegarem, isso vai afetar o setor dos congressos”, defende Nuno Tiago Pinto.
Na mesma linha, Vasco Noronha acrescenta que “vai haver uma diminuição de ligações aéreas além de um aumento da tarifa. Os participantes dos congressos têm necessidades específicas de voos. Se antes estávamos numa ponta da Europa, apresentando limitações, com menos ligações o cenário não será bom. Um exemplo é o Algarve, que não recebe mais congressos por não ter boas ligações para a Europa”.