Poucos jovens se poderam gabar de ter um negócio de sucesso aos 21 anos. Dos cereais fabricados por pequenos produtores nacionais à moagem em moinho de pedra, passando pelo modo de fermentação natural, Diogo Amorim quer mudar a forma de produzir pão, levando-o à mesa de todos com mais sabor. Ou melhor dizendo: produzi-lo, mas como antes. Um “antes” difícil de imaginar.
Não será então de estranhar que se diga que “o Diogo representa a esperança”, como o fez José Avillez, um dos mais prestigiados chefs do país, durante um dos últimos “Encontros 560”, uma iniciativa organizada semanalmente pelo Ministério da Economia, em Lisboa, com o objetivo de dar a conhecer os serviços de duas empresas portuguesas.
Mas é até o próprio Diogo quem procura desdramatizar ter arriscado um negócio próprio, com aparente tranquilidade. “Corre bem”, graceja, preferindo reforçar as partes mais positivas do seu negócio, como a qualidade do seu produto, baseada em tradições portuguesas, e que acredita ser “muito mais completo em termos aromáticos”.
Depois de um curso de Artes Culinárias na Suiça e alguns estágios, foi o restaurante Fat Duck, em Inglaterra, que lhe aguçou a curiosidade em saber mais sobre pão. Com a chegada a Portugal, Diogo Amorim reproduziu o projeto por si idealizado e nasceu a padaria artesanal Gleba, empresa convidada da 5ª sessão, que abriu, recentemente, na Rua Prior do Crato, em Alcântara. Mas não sem antes tirar um mestrado em Ciências Gastronómicas, no Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa.
Na Gleba são comercializadas cinco variedades de pão: o pão de trigo barbela de Trás-os-Montes (3,89€/kg), o pão de centeio verde de Trás-os-Montes (3,89€/kg), a broa de milho pigarro do Minho (4,29€/kg), a trigamilha (4,29€/kg) e um pão especial, feito com queijo de cabra ou avelã (5,89€/kg). Mas, todos os dias, há edições especiais, que podem ser desde pães com chouriço até de figos pingo de mel.
De início, para Diogo estava planeado outro desfecho. “O alvo seriam restaurantes como o do chef José Avillez”, recorda, embora reconheça que a aceitação dos consumidores particulares foi “extremamente positiva”.
Tal como o trabalho, o futuro não intimida o jovem que gere a Gleba. O empresário anseia por resultados e espera “estimular a agricultura diferenciada de cereais em Portugal”.
Questionado sobre a sua geração, Diogo Amorim considera existir “falta de gente com dedicação e motivação para se focar num projeto”. No Fat Duck, restaurante com três estrelas Michelin, em Inglaterra, recorda que “trabalhava 17 horas por dia”.
Esta é, aliás, uma opinião partilhada por José Avillez, que demonstrou algum desencanto com os recursos humanos no setor da restauração. “Deixei de ter grandes expectativas para não ter desilusões a seguir”, admitiu. “Agarro-me a quem está”, acrescenta, sublinhando que “quem está comigo e quer trabalhar tem todo o meu apoio”. E vai mais longe: “Há uma necessidade muito grande das empresas olharem para as suas equipas e de as apoiarem no seu crescimento”.
A 5ª edição do “Encontros 560” decorreu no passado dia 20 de abril, Ministério da Economia, em Lisboa. Contou com a presença de Ana Mendes Godinho, secretária de Estado do Turismo, e Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal.
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