A IV Convenção da Associação Nacional de Locadores de Veículos (ARAC) realizou-se no Montebelo – Mosteiro de Alcobaça – Historic Hotel, no dia 31 de março. No debate esteve presente Pedro Machado, presidente do Turismo Centro de Portugal, que se mostrou confiante relativamente à possibilidade de Portugal vir a alcançar, em 2023, valores idênticos ao número de turistas que o país recebeu no ano anterior à pandemia.
Em causa está o recorde do número de pessoas que visitaram Portugal em 2019 – 27 milhões. Pedro Machado reconheceu que a incerteza económica e geopolítica internacional pode obrigar a fazer “um ajustamento” nas projeções que vêm sendo feita para o setor do turismo, mas no seu discurso sobressaiu uma “expectativa positiva de curto prazo”.
O presidente do Turismo Centro de Portugal destacou os bons resultados obtidos no primeiro trimestre de 2023, que ajudam a sustentar os indicadores para o presente ano, “melhores” “do que aqueles que tivemos em 2019”. Esta perceção surge a partir de três principais condições, que o responsável nomeou durante a intervenção.
A primeira tem que ver com a oferta. Pedro Machado referiu que, “olhando para as regiões”, a taxa de ocupação média anual está “na ordem dos 50%”, o que significa que há margem de crescimento nos “50% de capacidade que não está a ser ocupada”.
Também “a nossa situação geográfica” é um aspeto a ter em conta, com o presidente do Turismo do Centro a considerar um mercado alargado de “potenciais consumidores” que se estende à vizinha Espanha. São quase 200 milhões, de acordo com a soma que Pedro Machado faz, entre os turistas nacionais de Portugal e Espanha e os turistas internacionais que visitam a Península Ibérica.
Por fim, a “boa perceção” de que “Portugal goza” em matéria de saúde e segurança. O presidente do Turismo Centro de Portugal mencionou aqui não só as medidas tomadas em relação à covid-19, mas também a distância relativa à guerra na Ucrânia, que ainda acontece.
Espaço ainda para acrescentar à lista “o maior ativo de todos”, “que é reconhecido internacional”. Foi assim que Pedro Machado se referiu à ‘hospitalidade portuguesa’.
“É preciso perceber a heterogeneidade do país”
O presidente do Turismo Centro de Portugal interveio de novo, mais tarde, no mesmo painel. Questionado por Rosália Amorim, diretora do Diário de Notícias, sobre o programa “Mais Habitação”, com medidas diretas a afetar o alojamento local, Pedro Machado afirmou que não se pode aplicar medidas gerais para um conjunto de situações muito distintas.
“É preciso pensar o país, perceber a heterogeneidade do país”, defendeu o responsável, salientando que não se pode nivelar toda a geografia com base nas “duas situações macro de Lisboa e Porto”.
Pedro Machado levantou alguns argumentos que revelam a importância do alojamento local no resto de Portugal. Em muito municípios, é um forte mecanismo de desenvolvimento estratégico, onde não há condições para “haver instalações profissionais”. No centro do país, referiu, o alojamento local é mesmo o tipo de estabelecimento turístico que existe em maior número.
Também é responsável pela reabilitação urbana de “muitos sítios”, como centros históricos ou vilas mais velhas. Ajuda a combater o isolamento de zonas mais remotas, contribuindo para a mobilidade, e é fonte de rendimento para muitos proprietários, que de outra forma “não teriam recuperado esse património”.
O presidente do Turismo Centro de Portugal concluiu assim que “nivelar o país com regras iguais para todas as situações é, desde logo, criar disfunções”. Para o responsável, “movimentos populistas” podem ser simpáticos, mas o mais importante neste momento é “rever a fundo” as questões “relacionadas com a habitação”.
Pedro Machado participou no painel “Que Turismo amanhã? Quantos milhões de turistas em 2027? O ‘low cost’ – um modelo de negócio incontornável?”, do qual também fizeram parte Filipe Silva, vogal do Conselho de Administração do Turismo de Portugal, Nuno Costa, diretor comercial de Aviação da ANA – Aeroportos de Portugal, José Blanco, chief sales officer do Europcar Mobility Group e António Moura Portugal, sócio da DLA Piper ABBC e diretor executivo da Associação das Companhias Aéreas em Portugal (RENA).
A moderação esteve a cargo de Rosália Amorim, diretora do Diário de Notícias.
Por: Redação da Ambitur, na IV Convenção da ARAC.