Valorizar as pessoas, sejam elas residentes, visitantes ou profissionais, tem sido o caminho da Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP). E, à Ambitur.pt, o presidente da TPNP, Luís Pedro Martins, não podia estar mais satisfeito pelo trajeto trilhado, quer pela administração de turismo, quer por empresários e cidadãos.
Na região, a sustentabilidade do turismo não é apenas mais um chavão, uma marca ou um só produto ou algo encarado com leveza: “Quando falamos de Turismo, estamo-nos a referir a uma atividade económica fundamental para Portugal e para a nossa região em particular”, diz o responsável, que sublinha a necessidade de reduzir a “pegada ecológica do Turismo”, encontrando um equilíbrio entre os “efeitos positivos” para a região da vinda de “milhões de visitantes para os nossos destinos e subdestinos” e “os riscos” daí derivados. Além disso, “é uma premissa base da Estratégia Turismo 2027”, afirma o dirigente, acreditando que todas as regiões “procuram desenvolver projetos e programas que objetivem este desiderato”.
Apesar de sublinhar que “não há regiões melhores nem piores: há regiões diferentes com paisagens únicas e todas elas encantadoras”, Luís Pedro Martins estima o facto da região ter acreditado à Carta Europeia de Turismo Sustentável, desde 2002, a Área Protegida do Parque Nacional da Peneda-Gerês, como sendo uma “mais valia”, a que se juntaram, em 2012, o Parque Natural do Douro Internacional, o Parque Natural de Montesinho e o Parque Natural do Alvão.
O caminho passa por “defender um turismo que concilie e integre os aspetos ambientais, culturais e sociais com o desenvolvimento económico”, investindo nas pessoas. “Sem pessoas, um país não existe”, sublinha o responsável do TPNP, indicando que o ponto de partida para se atingir a sustentabilidade é justamente nas populações e em aspetos sociais e culturais: “Temos que ser capazes de preservar aquilo que nos torna únicos, que faz de nós Portuenses, Minhotos, Transmontanos ou Durienses” e, depois, “promover, mostrar de forma cuidada, organizada e atrativa para quem nos visita”.
“A região está a dar exemplos de boas práticas”
A isto, acresce um trabalho de fundo contínuo na “melhoria da qualidade de vida das comunidades” e no “investimento na Educação e na Formação Profissional”. Acerca desta questão, o TPNP está a desenvolver um “trabalho de sensibilização para a importância da eficiência energética e da utilização de material reciclado” e que tem dado frutos: “Posso dizer com orgulho que a região tem hotéis distinguidos internacionalmente graças às suas práticas de turismo sustentável”. As várias unidades hoteleiras da região têm apostado “na sua eficiência energética e na redução do impacto ambiental da atividade”, através da instalação de sensores de movimento nas torneiras e de painéis solares para aquecimento de água, da recolha de óleos alimentares ou do aproveitamento de resíduos alimentares e de jardinagem para compostagem e produção de energia. Mas os cuidados com o meio ambiente não se ficam por aqui e Luís Pedro Martins destaca ainda os produtos utilizados para a “limpeza dos quartos”, o recurso a sistemas que permitem medir e fazer a gestão dos seus impactos ambientais, os vários “exemplos de aproveitamento da água da chuva para a rega de árvores centenárias e para utilização no sistema sanitário” ou a “materiais naturais e recicláveis” nas infraestruturas.
Embora, haja “muito a fazer”, o presidente da TPNP salienta que “estamos num bom caminho” e que a região está “a dar exemplos de boas práticas”, sendo que contribuíram para que Portugal recebesse em 2019 o Troféu ITB Earth Award para o Melhor Destino Sustentável da Europa. “É um bom sinal”, salienta.
Todos os envolvidos “estão sensíveis” para a questão da sustentabilidade
Apesar das muitas possibilidades e prognósticos levantados, a massificação do turismo na região não terá grande reflexo. “As práticas turísticas são, naturalmente, impregnadas de sustentabilidade na simbiose entre o que é oferecido ao turista e o que é fonte de rendimento para os locais”, defende Luís Pedro Martins, que sublinha o caráter naturalista com os habitantes lidam com o ambiente: “O Porto e Norte de Portugal inclui todo um território de interior onde a densidade populacional é muito baixa e onde o contacto com a natureza e os modos de vida das populações locais é feito de forma quase ancestral”.
Embora não haja previsão de massificação turística no interior, o responsável sublinha: “Queremos antecipar as questões relacionadas com a sobrecarga de turistas, desconcentrando a procura ao longo do território e de todo o ano. As novas gerações não nos perdoariam se não colocássemos esta questão como primeira prioridade”.
Nestas matérias, a estratégia da TPNP é “comum” a todos os stakeholders que “queiram participar no planeamento de um documento que vise a sustentabilidade turística do destino”, como o objetivo de “satisfazer as necessidades económicas, sociais e culturais”. No entanto, Luís Pedro Martins atenta a necessidade de nunca “colocar em causa a continuidade dos recursos turísticos”, nomeadamente, a nível, “cultural, endógeno e ecológico”. Garantir o “apoio a projeto e startups” com impacto social e a “empresas que melhorem a performance ambiental” é outro dos objetivos implícitos na estratégia da TPNP. Luís Pedro Martins acrescenta que todos os envolvidos “estão sensíveis” para a questão da sustentabilidade e “têm consciência que o desenvolvimento turístico deste destino se mede pela melhoria da qualidade de vida das populações e pela utilização responsável dos recursos naturais e culturais”, ao mesmo tempo que a região tem permitido que os turistas tenham “um contacto cada vez mais próximo com a natureza”.
E a sustentabilidade do setor não está desligada da sustentabilidade económica, havendo a aposta constante em novos produtos turísticos que “correspondam às necessidades e expectativas de segmentos de alto rendimento”, além do “aumento da oferta de serviços que potenciem o consumo turístico na mesma viagem” ou da “organização de produtos fora das épocas altas do turismo”.
Para um futuro próximo, o desejo do responsável é apenas um: que todas as entidades, parceiros e população trabalhem em conjunto para um “turismo cada vez mais sustentável, acessível e inclusivo”.
*Este conteúdo foi solicitado no âmbito de uma reportagem sobre a sustentabilidade nos destinos turísticos nacionais, publicada na edição Ambitur 328