A Ambitur.pt esteve à conversa com Elena Cabrera, country manager da Ryanair para Espanha e Portugal, para saber quais as estratégias da companhia aérea low cost para o mercado português e como está a correr a operação de verão até agora.
Mais um verão com a Ryanair a viajar de e para Portugal. Qual foi a estratégia da companhia no país, para esta época alta?
Não mudámos a estratégia para Portugal, mas estamos a crescer no país. Estamos muito contentes com a operação porque para este verão aumentámos em 12% a capacidade, comparativamente com o verão de 2022. Temos mais quatro aviões baseados em Portugal para este verão e a nossa visão da operação, neste momento, é muito positiva. Portugal é o país número oito entre os 36 países onde a Ryanair opera.

A Ryanair adicionou novas rotas aos aeroportos portugueses. Quantas disponibiliza neste momento e quais estão a vender melhor?
Temos 164 rotas para este verão, das quais 19 são novas rotas. Sobre o que está a funcionar melhor, por exemplo, temos as rotas de Faro para Dublin e Manchester; de Lisboa para Dublin; de Porto para Paris. Na Madeira começámos a operação há dois anos e têm funcionado bem as rotas domésticas para Lisboa e Porto.
O aeroporto no Funchal tem sido uma grande aposta para a companhia?
Sim, temos 10 rotas na Madeira, sendo que duas delas são para Portugal Continental. As restantes são internacionais e destacam-se as operações para Dublin, Roma e Londres Stansted. Desde que a Ryanair tem a base na Madeira, os preços de todas as companhias que viajam para as ilhas, em geral, desceram. Atualmente, a nossa companhia tem uma média de 40-41 euros por bilhete.
Em relação aos Açores, haverá interesse da Ryanair em acrescentar mais rotas internacionais?
A Ryanair tem uma equipa que está apenas dedicada a Portugal e que está sempre a analisar quais são as melhores opções. Agora estamos a preparar a operação de inverno, mas ainda não temos o calendário completo. Estamos focados na operação de verão, que está a funcionar muito bem, e posso mesmo dizer que em Portugal o L-factor está 4% acima do verificado na companhia, em geral.
Com a chegada do verão e com mais movimento nos aeroportos, especialmente no de Lisboa, a companhia está preocupada com alguns imprevistos que possam surgir?
Não. Neste verão, a Ryanair está a crescer no Porto e em Faro, que são os aeroportos que agora têm oportunidade para crescer. O aeroporto do Porto é, atualmente, o que tem mais capacidade, com 12 aviões. Em Faro, a Ryanair tem 10 aviões, Lisboa tem quatro e a Madeira tem dois aviões. De referir ainda que no Porto temos 64 rotas e em Lisboa 34.
Com o atual panorama de inflação, como é que a Ryanair mantém os preços competitivos?
O nosso preço médio estava nos 37 euros, antes da pandemia, e agora está nos 40 euros, um aumento de 12%, mas estamos a conseguir manter porque essa é a estratégia da Ryanair. A companhia depois da Covid-19 começou muito mais rápido a operação do que outras companhias porque tinha todos os aviões e toda a equipa disponível. Além disso, manteve os mesmos aviões, a mesma tripulação, os mesmos pilotos, os mesmos engenheiros, e então manter as mesmas coisas faz com que os preços possam ser mais baixos.
Mas a companhia agora tem custos de operação mais altos do que antes, como o combustível?
No ano fiscal 2023 tivemos 80% do combustível a 65 euros por barril. Para o ano fiscal de 2024, já temos fechada também a mesma percentagem de combustível por 85-89 euros.
Que benefícios/comodidades oferece a low cost aos passageiros portugueses?
Temos as viagens mais baratas. O nosso objetivo é sempre ser a companhia mais barata para viajar, para que se possa gastar o resto do dinheiro no destino. Além disso, temos muitos mais destinos do que a maioria das companhias, temos uma rede maior em Portugal, se compararmos com outras low cost.
Quais são as expectativas para fechar o mercado do verão em Portugal?
As expectativas são muito boas. Portugal está a funcionar muito bem para a companhia. Só em território português, estamos por cima da rede Ryanair, em geral.
E para o inverno, a meta da companhia é aumentar as rotas?
Sim, o objetivo da companhia é crescer sempre e para crescer é preciso aumentar a capacidade. No ano fiscal de 2023 estamos com 168 milhões de passageiros em toda a rede e para o ano fiscal 2024 vamos transportar, para já, 185 milhões de passageiros. Também temos aviões novos, com um pedido de 210 aviões Boeing, dos quais já recebemos 100. Desses, quatro já estão baseados em Portugal. De 2026 até 2033, a Ryanair já pediu 300 novos aviões Boeing, sendo que uma metade será para renovar a frota já existente e a outra metade será para adicionar à frota, espalhando pelos 36 países onde a companhia atua.
Sobre a questão da privatização da TAP: a Ryanair está a acompanhar a situação?
Estamos sempre a observar o que está a acontecer no mercado, mas a Ryanair está a crescer organicamente e não faz questão de adicionar outra companhia. Somos a companhia low cost número um na Europa e todas as companhias são bem vindas para competir no mercado. Está já comprovado que quando a Ryanair chega a uma nova cidade os preços das outras companhias baixam, por isso a competição é boa para o cliente.
Questões que muitos passageiros apontam como preço extra por mais bagagem ou por lugares juntos no avião, a Ryanair pretender contornar ou faz parte da estratégia?
É a estratégia da companhia. A Ryanair foi a primeira low cost na Europa e ao início foi mais complicado para as pessoas entenderem que tinham de pagar mais por uma mala ou por um lanche no avião, mas agora várias companhias seguem este modelo da Ryanair porque viram que era o melhor para continuar a crescer.
A companhia pretende ter mais rotas para fora da Europa?
Atualmente, a Ryanair viaja para Marrocos, Israel, Jordânia e Albânia. Agora não há perspetiva para isso, mas poderia acontecer, não para países como EUA ou Brasil, que são outro tipo de negócio no qual a companhia não se encaixa.
Por Diana Fonseca