O agrupamento de gestão de agências de viagens GEA acredita “que 2022 seja um ano de retoma sustentada”, no entanto são várias as reservas ainda colocadas em cima da mesa. Ambitur.pt, entrevistou Pedro Gordon, diretor-geral do grupo, Paulo Mendes, diretor de Contratação, e Nuno Tomaz, diretor comercial, sobre os desafios que este ano se colocam, quais as expetativas, o andamento dos projetos internos, entre outras temáticas. Esta é a primeira parte da entrevista que publicaremos nos próximos dias.
Relativamente ao balanço de 2021das vossas agências e complementando a informação que foi fornecida durante a vossa Convenção, em Fátima, o que se pode acrescentar?
Paulo Mendes: Passámos por dois annus horribilis, comparativamente com 2019, devido à pandemia, e ainda continuamos nela. Houve uma recuperação em 2021, mas estamos bastante longe dos números de 2019. Esperamos que em 2022 haja uma retoma forte e sustentada, principalmente na venda. O ano transato teve alguns indicadores positivos, desde julho. Neste momento notamos, tirando o dezembro e janeiro, que foram bastante fracos devido à nova variante Ómicron, bastante otimismo e procura desde o mês de fevereiro. Nota-se um aumento de procura nas agências de viagens, assistimos a muitas campanhas de promoção de produto, cada vez mais produto no mercado, operações para ser lançadas, pelo que acreditamos que 2022 seja um ano de retoma sustentada.
Quais as vossas expectativas concretas?
Paulo Mendes: Estamos otimistas relativamente às vendas. Há indicadores que podem influenciar as vendas futuras, como o preço, registamos que os preços das viagens estão mais caros, a inflação está a puxar naquilo que são custos operacionais e não só. Outra variável, para além da pandemia, é o conflito no leste da europa, que nos deixa muito expectantes sobre o que pode acontecer.
Os clientes estão a reagir positivamente, relativamente às reservas das suas férias. Na vertente corporate nota-se também já um crescimento interessante ao nível da procura de viagens empresariais.
Estamos otimistas, mas não podemos dizer que 2022 será um ano em pleno que permita atingir os números de 2019, isso ninguém o pode afirmar. Que estamos a arrancar bem estamos.
Nuno Tomaz: Há uma questão que está a colocar-se no mercado – os depósitos avultados solicitados pelos operadores turísticos para reservas de viagens, com muita antecedência.
Março poderá ser um barómetro para o resto ano, ao nível da venda de viagens?
Paulo Mendes: ainda será prematuro. Este será um bom mês para a venda antecipada. A Bolsa de Turismo de Lisboa (que decorre na FIL de 16 a 20 de março) será um dos instrumentos para utilizar como barómetro da retoma, mas não será o único.
A integração das agências da RAVT na GEA foi uma das recentes novidades do mercado. Como foi este processo?
Pedro Gordon: O ano passado fomos contactados pela Maria José, responsável pela agrupamento de agências de viagens RAVT, que nos explicou que pretendia efetuar uma mudança na sua atividade profissional e afastar-se deste grupo de gestão. Estando a par da maneira de trabalhar do Grupo GEA e da sua filosofia, semelhantes às da RAVT, iniciámos uma série de conversas. Da nossa parte também considerámos que as agências do grupo RAVT têm o perfil bastante idêntico a grande parte das agências do grupo GEA. Estamos a falar de agências com muitos anos no mercado, com um histórico interessante e um currículo bom. Considerámos que a integração das agências RAVT seria uma grande mais-valia para a GEA em termos gerais.
Chegámos um acordo de forma a que as duas partes saíssem a ganhar; as agências do Grupo RAVT saem beneficiadas, assim como poderão ser beneficiadas as do Grupo GEA. Em primeiro lugar, porque ganhamos um maior poder de compra, com este crescimento. A integração da RAVT na GEA representa um incremento de 10% de crescimento em número de empresas. Passamos de 335 para 368 empresas.
Concluindo o processo, acreditamos que o Grupo GEA é aquele que melhor se adapta ao perfil das agências do grupo RAVT.
Como foi feita ou será a integração?
Pedro Gordon: Houve uma resposta positiva pela maioria das agências RAVT a esta integração. Já temos em nossa posse os contratos assinados por 33 agências do grupo, que representam 35 balcões. De um modo efetivo, esta transferência será feita a partir do dia 1 deste mês. Sendo assim, passam a ter os mesmos direitos e obrigações que as agências do Grupo GEA. Esta é uma passagem única, não é faseada. Logicamente haverá um período de conhecimento mútuo, em que ferramentas são utilizadas por ambas as partes, entre outros. Haverá um processo de formação da nossa parte nesse sentido.
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