“Qualquer abordagem estratégica para o futuro turístico do país tem que passar pela capacidade das regiões, sob pena de se estar a falar de uma realidade cinzenta”, considerou António Trindade, CEO do Grupo PortoBay, durante a sua intervenção no 42º Congresso Nacional da APAVT. De acordo com o responsável, “eu gosto muito da marca do meu país, mas para fazer negócio eu tenho de saber na realidade com o que é que conto. Da região para o país pode-se ter uma panóplia de informações e opções”.
O responsável concluía desta forma a sua intervenção inicial no painel “Portugal: Opções Estratégicas e Fatores de Competitividade”, onde tentou exemplificar porque as estratégias têm que partir de um ponto de vista regional. Para António Trindade, “queremos criar uma ligação com o passado ou ser disruptivos? Porque há ambiente para tudo. Quando comparo as várias regiões nacionais, estas são diferentes, e para chegar a um cliente tenho de concentrar toda a minha atenção naquilo que é o meu cliente e onde posso chegar com a melhor mensagem o produto”.
Exemplificando e acentuando a tónica nas acessibilidades aéreas o orador indica que o problema das acessibilidades põe-se relativamente às diferentes regiões do país de uma forma completamente diferente. Falando na região e no Aeroporto de Lisboa “e olhando para os nossos concorrentes ibéricos verifica-se que Barcelona tem uma capacidade para 90 milhões de passageiros/ano, transportando 55, Madrid tem uma capacidade que ultrapassa os 110 milhões, transportando 55 milhões, sendo que Lisboa tem uma capacidade de 24 milhões e irá atingir os 23 no final deste ano”. Ou seja, Lisboa neste momento não tem uma capacidade de crescimento assinalável.
“Mas as regiões são diferentes e tenho de concentrar a minha atenção no meu cliente”, repete o responsável, abordando a seguir a realidade da Madeira, Porto e Faro, em patamares distintos. “Não consigo controlar a economia colaborativa, que cresce sem a sentirmos, que no caso da Madeira deve estar a ultrapassar as cinco mil camas, e ninguém fala nela, passando a ilha de um universo de 30 mil camas para 40 mil, em poucos anos”, indicou. Ou seja, de acordo com António Trindade, são as realidades de região para região que deverão formar o puzzle da estratégia de desenvolvimento nacional. Ou seja “estes ambientes numa ponderação entre oferta e procura têm que ser entendidos numa base regional. Repare-se que a capacidade dos aeroportos do Porto e Faro são completamente diferentes das de Lisboa, mas a TAP indica que não é prioritária a sua operação para esses destinos”, defende.
Para Pedro Machado, presidente do Turismo do Centro, esta visão é a que deve prevalecer, ou seja, “se queremos falar em destino, sustentabilidade, crescimento e competitividade, tudo isso está relacionado com uma base, onde se encontram todas as interações turísticas, que é na região, desde o aeroporto, aos espaços verdes”. Defende Pedro Machado que esta é uma situação que não é exclusiva dos públicos ou privados. Para o presidente do Turismo do Centro “há aqui uma necessidade de uma mudança de paradigma na abordagem do planeamento integrado (tendo como atores público e privados”.
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