Alexandre Marto Pereira, CEO da United Hotels of Portugal (UHP), marca hoteleira criada pela Fátima Hotels Group para comunicar com o trade, esteve hoje reunido com a imprensa num almoço de Natal no Lumen Hotel & The Lisbon Light Show. O empresário afirmou que “todos os dias estou a analisar novos projetos” para adicionar à UHP, que conta atualmente com 10 unidades hoteleiras (uma em Lisboa, uma em Óbidos e as restantes em Fátima). Nesta avaliação incluem-se projetos para aquisição, em parceria sempre (como foi o caso do Lumen Hotel, que resulta de uma parceria com a Alves Ribeiro), ou para mera representação comercial, em várias cidades do país, explicou, mas sobretudo no eixo de touring entre Lisboa e Porto.
mantendo as unidades sob gestão familiar e com uma personalidade própria, “conseguimos vendê-los mais facilmente”.
Com sete sócios hoteleiros, a UHP conta com hotéis independentes, algo que Alexandre Marto Pereira considera ser uma “grande vantagem” pois aquilo que “as pessoas hoje procuram são “hotéis genuínos” e não standards. Por isso, mantendo as unidades sob gestão familiar e com uma personalidade própria, “conseguimos vendê-los mais facilmente”.
“A JMJ vai fazer com que Fátima fique no radar do turismo religioso mundial nos próximos anos”
Numa análise ao ano de 2023, e até outubro, em Fátima, registaram-se um milhão de noites, algo que, lembra o CEO da UHP, é “muito pouco comum em Portugal”. Normalmente, o destino atinge este valor no final do ano, mas este ano, antecipou-se, alcançando-o já em outubro, o que corresponde a um crescimento de 33% face ao período homólogo de 2022, e compara com um crescimento de 11% para o país como um todo. “Crescemos a um ritmo três vezes superior ao país”, frisa Alexandre Marto Pereira, destacando que isso aconteceu durante praticamente todo o ano, sendo que, deste total de noites, 668 mil são de estrangeiros.
Crescemos a um ritmo três vezes superior ao país”, frisa Alexandre Marto Pereira, destacando que isso aconteceu durante praticamente todo o ano, sendo que, deste total de noites, 668 mil são de estrangeiros.
Focando apenas nos hotéis de Fátima, serão atingidas 180 mil noites até ao final deste ano, o que está em linha com o crescimento que se verifica em Fátima, de 33% em room nights. Já “o crescimento em valores foi bastante mais elevado, porque conseguimos superar a inflação”, garante o responsável, estimando que esteja 44% acima de 2022 para o FHG no final do ano.
Para 2024, o empresário prevê “um crescimento contínuo, não tão grande como este ano mas muito forte”, esperando que esteja sobretudo ancorado no mercado asiático que, a par do Brasil, ainda não recuperou.
quando se fala de Fátima como destino de turismo religioso, é importante vê-la como “uma âncora para o país porque uma parte substancial destes turistas nunca visitariam Portugal se não fosse por Fátima”
Alexandre Marto Pereira debruçou-se ainda sobre o evento Jornada Mundial da Juventude 2023, que teve lugar em agosto. E reconhece que os números, em Lisboa, nesse mês, “foram muito bons” e em Fátima “extremamente bons”, pois muitos grupos não puderam ficar hospedados em Lisboa e utilizaram Fátima como base. Mas, acima de tudo, o gestor aponta: “A visibilidade que foi emprestada ao país pela JMJ vai fazer com que Fátima fique no radar do turismo religioso nos próximos anos”. E lembra que, quando se fala de Fátima como destino de turismo religioso, é importante vê-la como “uma âncora para o país porque uma parte substancial destes turistas nunca visitariam Portugal se não fosse por Fátima”. Trata-se de um tráfego de seis milhões de pessoas que visitam Fátima, e de mais de um milhão de noites que ficam neste destino e que, na opinião do CEO da UHP, “contagia positivamente o resto do território”.
Alexandre Marto Pereira explica ainda que Fátima tem a particularidade de apresentar um mercado extremamente diversificado, com um peso muito grande historicamente por parte da Ásia. E a confirmá-lo estão os números de 2019 onde 100 mil noites eram de sul coreanos. Mas a verdade é que este mercado da Coreia do Sul ainda não recuperou. Outros mercados importantes são a América do Sul (sobretudo Brasil), EUA e outros asiáticos como as Filipinas, Índia ou Vietname, que não têm expressão, por exemplo, noutros territórios nacionais.
O empresário acredita que estes mercados vão crescer a ritmo muito superior ao mercado nacional, que representa cerca de 30% nas noites em Fátima mas que, fruto do aperto no consumo que está a ser provocado pela inflação e pelo aumento das taxas de juro, poderá levar a que a procura de lazer estagne em Portugal, diz. No entanto, prevê uma recuperação do mercado brasileiro, sobretudo devido ao aumento do número de voos que espera vir a reduzir o custo dos mesmos à medida que a capacidade vai sendo adicionada. Mas, sobretudo, aponta, “este ano de 2024 vai ser uma espécie de «control+delete», vai reiniciar e vai haver um boom asiático”.
Por Inês Gromicho